Jornada internacional de luta exige a retirada das tropas da ONU no Haiti
Ocupação militar liderada pelo Brasil completa nove anos neste 1º de junho
Tropas Brasileiras Enfrentam Manifestantes Haitianos
Neste
dia 1º de junho, a ocupação militar do Haiti por tropas da ONU
completa nove anos. É quase uma década de ocupação comandada pela
Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do
Haiti), encabeçada pelo Brasil. Faz quase dez anos que o país,
então governado pelo presidente Lula, aceitou o lamentável papel de
dirigir a ocupação do país após o golpe apoiado pelos EUA que
destituiu o então presidente Jean-Bertrand Aristides.
A
missão foi aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU em 30 de
abril de 2004 por pressão do então presidente norte-americano
George W. Bush. Sobrecarregados com as guerras no Oriente Médio, os
EUA queriam terceirizar a ocupação do país caribenho como forma de
resolvar os conflitos e a instabilidade política da região. Um mês
depois, os primeiros contingentes militares desembarcavam no país.
Apesar de o discurso oficial afirmar se tratar de uma missão
humanitária, a prática e a longevidade da ocupação provaram que
se trata de uma força repressiva, cujo único objetivo é
estabilizar o país para ação das multinacionais, sobretudo do
setor têxtil, explorar a mão de obra barata haitiana.
Torturas,
estupros e repressão
O
caráter meramente repressivo da missão ficou ainda mais explícito
no terremoto de janeiro de 2010 que destruiu o país e matou algo
como 300 mil pessoas, deixando outros 3 milhões desabrigados. Mais
de três anos depois, pouco foi feito e os 12 bilhões de dólares
previstos pelo Plano de Reconstrução do Haiti ou nunca chegaram ou
perderam-se na corrupção do governo e das inúmeroas ONG's
estrangeiras que atuam no país. Ainda hoje, mais de 350 mil
haitianos continuam sobrevivem em barracas ou tendas improvisadas na
capital Porto Príncipe, em precárias condições de higiene e
alimentação.
A
história da ocupação militar do Haiti é uma história repleta de
repressão a manifestações, movimentos e dirigentes sociais, além
de escândalos envolvendo abusos e crimes, que vão de denúncias de
tortura a estupros cometidos pelos "capacetes azuis". Tudo
isso com a mais absoluta impunidade, como o caso do surto de cólera
que hoje já está comprovado que foi provocado por soldados
nepaleses da ONU. A epidemia infectou 700 mil pessoas e matou ao
menos outras 8 mil. Ninguém foi responsabilizado e a ONU se negou a
indenizar as famílias das vítimas.
A
Minustah tem o objetivo ainda de legitimar eleições fraudadas a fim
de garantir estabilidade política e social a governos subservientes
ao imperialismo. O atual presidente eleito, Michel Martelly,
aproximou-se do ex-ditador Jean-Claude Duvalier (o Baby Doc, que
retornou do exílio na França), acusado de chacinar 30 mil
opositores durante seu regime. Martelly mantém ex-dirigentes da
ditadura no alto escalão de seu governo e prepara um “perdão” a
Baby Doc.
Uma
vergonha para o governo do PT
Apesar
de o ministro da Defesa Celso Amorim ter defendido a retirada das
tropas brasileiras do Haiti, ainda não há data para isso ocorrer.
Embora uma pequena parte do efetivo tenha sido retirada, sobretudo
aquele ligado às operações de engenharia, mas de 1500 militares
brasileiros permanecem no país.
A
ocupação do Haiti, determinada pelo presidente Lula em 2004 e
seguida pelo governo Dilma, é uma vergonhosa mancha na história do
Partido dos Trabalhadores, sobretudo nesses 10 anos do partido no
poder. É a expressão mais contundente da subserviência do Brasil
aos ditames dos EUA, prestando-se à tarefa de ocupar o país cuja
população negra protagonizou a única revolução de escravos
vitoriosa da história, só para atender às necessidades do
imperialismo.
Não
é, contudo, apenas o governo do PT que cumpre esse papel. Outros
governos ditos progressistas ou de esquerda, como o do boliviano Evo
Morales, de Rafael Correa do Equador ou o de Cristina Kirchner da
Argentina e Mujica do Uruguai, também mantém tropas no país.
Nesse
dia 1º de junho ocorre uma jornada internacional pela retirada das
tropas da ONU do Haiti. É hora de, no Brasil, retomar com toda a
força a campanha pela retirada das tropas brasileiras já!
Comentários
Postar um comentário
Gostou dessa matéria? Deixe seu comentario.