Eleições na UFSC: Votar em Irineu e manter a independência!





Por: PSTU Grande Florianópolis

Em meio a uma crise instalada, a UFSC passa por um novo período eleitoral atípico. Algumas pessoas entendem que a crise que se instalou na UFSC é decorrente de um ataque à universidade e sua autonomia. Mas, na nossa opinião, a crise tem como pano de fundo a privatização via fundações, a corrupção e o corte de verbas para a Universidade. Nesse contexto, lançaram-se em candidatura Ubaldo Balthazar, atual reitor pró-tempore, Edson de Pieri, diretor do Centro Tecnológico (CTC), e Irineu Manoel de Souza, diretor do Centro Socioeconômico (CSE). Porém, nenhuma dessas candidaturas possui um programa consequente com a necessidade de enfrentar a privatização e o governo Temer, nem defendem verdadeiramente a autonomia e a democracia na UFSC.

Ubaldo e De Pieri constituem duas candidaturas que representam a direita clássica na UFSC: privatista e anti-democrática. Ubaldo e a gestão atual pretendem uma continuidade do que já acontece na UFSC, e utiliza as 30 horas – pauta histórica de luta e reivindicações dos Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) e do conjunto da classe trabalhadora – como moeda de compra de votos às vésperas da eleição.

A candidatura de Ubaldo propõe a criação de um Conselho de Diretores, que nada mais é que um Conselho Universitário sem a representação do restante da comunidade: membros externos, estudantes, TAEs e parte dos docentes.E, apesar de ser criada uma secretaria de ações afirmativas, o debate e o combate às opressões, as desigualdades e violências de gênero não avançaram em um milímetro.
 
Já De Pieri, surfando na onda das jornadas de trabalho de 30 horas, se apresenta como se estivesse disposto ao debate, mas dá continuidade ao que está posto: seguem as comissões, porém as 30 horas não são realidade para todos. Chega a propor, de forma oportunista, o trabalho remoto, que é uma das novas formas de aumentar a exploração com a reforma trabalhista.
 
De Pieri propõe uma UFSC do diálogo, mas que se limita a criação de mais redes sociais ao invés de propor amplos debates com a comunidade universitária sobre os rumos da UFSC. Como Ubaldo, De Pieri propõe a criação de um comitê gestor que, na prática, servirá para fiscalização do trabalho e decisão das questões da UFSC por fora do Conselho Universitário (CUn), ou seja, excluindo estudantes, TAEs e a comunidade externa.
Para Ubaldo e De Pieri, toda a antidemocracia já presente no Conselho Universitário ainda é insuficiente. Para eles, é preciso restringir ainda mais a participação da comunidade universitária para que a velha política privatista seja aplicada sem dó.

Já Irineu se apresenta como uma alternativa àqueles que sempre comandaram a UFSC: foi estudante, técnico-administrativo e agora é professor da UFSC. Sua candidatura propõe uma ampliação da democracia na UFSC, contrariamente às outras candidaturas que se dizem democráticas mas que são a favor da relação 70/30 (onde os votos dos professores possui um peso de 70% e o dos TAEs e estudantes apenas 30%) ou dos conselhos gestores paralelos. 
 
No entanto, a candidatura de Irineu se caracteriza mais pelo que não defende do que pelo que diz. Se é verdade que as outras candidaturas são favoráveis à relação de 70/30 para os votos nas eleições universitárias, Irineu não propõe o voto universal, uma demanda histórica para democratizar mais a UFSC. E, a despeito de sua trajetória como TAE, o seu programa de gestão não prevê mais protagonismo dos TAEs na gestão universitária, mantendo-se a grande hierarquia docente na condução da UFSC.

Numa conjuntura de crise econômica e política no país e na UFSC, Irineu não se posiciona contrário aos fundamentos que nos levaram até esta crise. Por isso, não defende claramente o Fora Temer, nem se posiciona politicamente em relação a um presidente que segue atacando os trabalhadores e a Universidade Pública brasileira. 
 
Irineu também não se posiciona contrário às Fundações. Ao contrário, propõe “um processo de gestão democrática e pública na relação da UFSC com suas Fundações de Apoio”. Também não se posiciona contrário à EBSERH, empresa criada durante o Governo Dilma (PT) para privatizar os Hospitais Universitários, e aprovada de forma truculenta pela gestão Roselane/Lúcia dentro do quartel da Polícia Militar de Santa Catarina, apesar de imenso rechaço da comunidade acadêmica que decicidiu em Consulta Pública, por ampla maioria (69,8%) não querer a EBSERH. 
 
Em 2014, Irineu participou da Comissão de Análise sobre a EBSERH e que, dentre outras coisas, realizou um relatório que não recomendava a adesão à EBSERH, afirmando que isto não solucionaria os problemas do Hospital Universitário e nem atenderia as necessidades da comunidade universitária. Além disso, afirmava que o contrato de gestão da UFSC com a EBSERH se constituiria “flagrante violação constitucional admitindo a nulidade dos atos praticados em consequência”.

Hoje, Irineu faz justamente o oposto: defende a fiscalização do “cumprimento das cláusulas contratuais acordadas entre a UFSC e a EBSERH, adotando as medidas cabíveis”, assumindo uma postura totalmente conformista com a EBSERH, pra dizer o mínimo.
Se Irineu aposta no Hospital Universitário 100% SUS (Sistema Único de Saúde) deve enfrentar o principal problema atual do Hospital: dois anos após a implantação da EBSERH, o resultado é um grande volume de leitos fechados, e sem as contratações das pessoas que foram aprovadas no concurso da Empresa. A suposta solução dos problemas do HU via EBSERH fracassou e é preciso encarar isso de frente propondo um distrato deste contrato inconstitucional e incorporação dos trabalhadores da EBSERH ao Regime Jurídico Único (RJU).

Por fim, Irineu ignora completamente o tema da corrupção na UFSC, desconsiderando a gravidade das investigações em curso que tratam do desvio de dinheiro público destinado à UFSC. Irineu também nada fala sobre isso, se desobrigando da tarefa de propor medidas administrativas e políticas concretas para pôr fim a essas práticas na Universidade.

Não se reverte isso, propondo mais conversas de gabinete e medidas “lugares-comuns” como “mais transparência”, sem sequer explicar como faria isso. Mas sim, chamando a comunidade à mobilização. 
 
Nós do PSTU entendemos que o verdadeiro caráter antidemocrático do ensino superior brasileiro se mostra com a exclusão de diversos setores da universidade pública e do tripé universitário. Portanto, é preciso lutar pela permanência estudantil na UFSC, é preciso pôr fim à presença da Polícia Militar no campus, que hoje ocorre através de câmeras e cabines de vigilância que não diminuem a sensação de insegurança da comunidade universitária, especialmente as mulheres.

Defendemos, também, o funcionamento do Restaurante Universitário (RU) no período das férias e o acesso aos trabalhadores terceirizados, com refeições no valor a dos servidores TAEs e Professores.

Para nós, a candidatura de Irineu precisa apoiar essas e outras bandeiras de luta.

Por tudo isso, chamamos o voto crítico em Irineu porque avaliamos que é importante a derrota eleitoral da chapa de Ubaldo e da chapa de De Pieri. Contudo, após a experiência da UFSC com Roselane e Lúcia, mais do que nunca os estudantes e trabalhadores precisam manter-se independentes da Reitoria, sob risco de cair no imobilismo e sofrerem grandes derrotas. Alertamos que se Irineu não romper com as fundações e a EBSERH e se não chamar a comunidade universitária a se mobilizar contra as políticas do governo Temer nada mudará.

Vote Irineu e venha para luta pelo fora Temer, fundações, EBSERH e todos os corruptos!
Em defesa de uma Universidade Pública, gratuita, de qualidade e a serviço da classe trabalhadora!

 


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