Chega de violência policial! Justiça para Marcos!

 


Jovem de 15 anos assassinado no Morro do Quilombo. Principal suspeito é a PM. Manifestantes protestam contra violência policial.

Marcos Paulo Padilha Carvalho Vargas é o nome do adolescente de 15 anos assassinado no dia 24 de outubro quando voltava para a casa. Moradores do Morro do Quilombo se revoltaram com a violência policial e protestaram no dia 25 de outubro pedindo justiça. Segundo moradores, o principal suspeito de ter assassinado o jovem é a própria polícia militar. Também afirmaram que a polícia impediu que o socorro chegasse para atender Marcos Paulo. A família do adolescente desmentiu a acusação do relatório policial de que o adolescente estava armado.

O PSTU apoia a manifestação dos moradores do Morro do Quilombo! Os governos federal, estadual e municipal aterrorizam as comunidades com operações policiais assassinas que trazem humilhação, morte e dor aos trabalhadores e demais moradores das favelas. E tudo isso em nome de uma suposta guerra às drogas que, na verdade, é uma guerra contra o os trabalhadores pobres e negros porque o crime organizado e as milícias seguem firmes fortes. Mas para os donos do  poder, as vítimas da polícia são só "efeitos colaterais". Essa política genocida e racista tem que acabar!

É preciso exigir justiça por Marcos Paulo! Além disso, é preciso exigir a desmilitarização da polícia militar e a descriminalização das drogas. Queremos uma polícia voltada aos interesses da classe trabalhadora e controlada por ela. Os verdadeiros donos do tráfico e das milícias vivem em mansões nos bairros de ricos, não vivem nos morros!

O presidente Bolsonaro é responsável também. Ele e sua família homenageiam pistoleiros e milicianos e ele já disse mais de uma vez que quer dar carta branca para a PM matar em serviço.

Violência policial aumentou

Essa violência policial contra trabalhadores pobres e negros, especialmente moradores das favelas, é uma realidade nacional e que vem aumentando a cada ano em nosso país. Somente no Rio de Janeiro a polícia matou 46% mais pessoas em 2019 que no ano de 2018. Já no país todo a polícia matou 18% mais pessoas em 2018 do que em 2017. Para os governantes e as forças policiais todo negro e todo morador de comunidade é um bandido em potencial.

Em Florianópolis, o braço armado do Estado também está mais violento com o povo pobre e trabalhador. A PM em Santa Catarina matou 1 pessoa a cada 3 dias em 2020. Só nesse ano a polícia já assassinou 11 jovens até agora em Florianópolis.  Além das vítimas de outros anos como o jovem negro de 19 anos morto pela PM no bairro dos Ingleses porque brincava com uma arminha de pressão no quintal da própria casa. Uma característica comum em todos esses casos de violência policial é a impunidade. Os inquéritos e relatórios da PM sempre dizem que a vítima tem relação com o tráfico para justificar as ações dos policiais. A própria situação da polícia de impedir o socorro de suas vítimas é recorrente. Em 2019, a polícia também fez isso numa ação no Morro da Caixa.

As vítimas desse genocídio e dessa violência no país já possuem tantos nomes que é impossível falar todos: músico Evaldo Rosa; catador de lixo Luciano Macedo; Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos; João Pedro, 14 anos; ajudante de pedreiro Amarildo Souza; auxiliar de serviços Claudia Silva Ferreia. E tantas outras vítimas da polícia nessa falsa guerra às drogas.

A polícia atual não é solução

Dizem que a polícia serve para a segurança pública. Mas sua função essencial é bem outra: são treinados como defensores de uma ordem cuja essência é a desigualdade. A segurança pública passa longe. Devem manter sob controle os inimigos potenciais desta ordem por uma repressão brutal. E os inimigos são àqueles que sofrem com a desigualdade.

Por isso uma das medidas que o PSTU defende para acabar com a violência que assola as favelas e, principalmente, tantos negros no Brasil é a desmilitarização da PM.  Porque parte dessa violência da PM está ligada a sua origem na Ditadura Militar. A militarização da polícia não serve para os policiais que, sem democracia nos quartéis, e sob a obediência de códigos militares em desacordo com a Constituição, são obrigados a cumprir quaisquer ordens e que não podem se organizar e reivindicar melhores salários e melhores condições de trabalho. A militarização faz da polícia um instrumento de repressão e extermínio da classe trabalhadora e do povo negro e pobre.

Desmilitarizar a polícia é garantir democracia nos quartéis, unificação da polícia civil e militar numa só polícia civil, e garantir o direito à sindicalização dos policiais, com eleições democráticas e populares de seus comandantes, com mandatos revogáveis.

Hoje há uma necessidade de que os bairros periféricos organizem a sua autodefesa com o objetivo de garantir a segurança pública negada pelo Estado e para garantir a sua legítima defesa contra as agressões cotidianas que sofrem.

Chega de violência  policial, chega de genocídio da juventude negra. Chega de segurança para a propriedade e contra a população!

Descriminalização em vez de guerra

A guerra às drogas é uma política de controle social da população negra e pobre que aumenta a repressão das periferias nas grandes cidades. Isto porque sob a justificativa do combate às drogas, o Estado ordena invasões violentas nos bairros pobres e nos morros e extermina a juventude negra e pobre deste país. A classe trabalhadora é o alvo mais atingido por esta guerra porque fica refém da luta entre as facções do tráfico, milícias e polícia. Morrem mais pessoas vítimas dessa guerra do que do consumo de drogas!

Entre 1920 e 1933, os Estados Unidos criaram a Lei Seca proibindo o consumo de qualquer bebida alcoólica no país. O resultado foi um crescimento do tráfico de bebidas e de grandes e violentas organizações mafiosas nos principais centros urbanos do país. E apesar do álcool ser mais nocivo ao organismo e à sociedade do que substâncias como a maconha, ninguém em sã consciência defende hoje a criminalização de bebidas alcoólicas. Os EUA só conseguiram acabar com essas organizações mafiosas quando legalizou o consumo e venda de álcool.

A descriminalização do uso de drogas, com sua produção e distribuição controladas pelo Estado é necessária. Isto já é feito pelo nosso vizinho Uruguai. Junto a isso, é preciso uma política de reparações com o desencarceramento de todos os presos e presas  (que não são acusados de crimes violentos, e que não são burgueses do tráfico)  encarcerados sob a Lei Antidrogas sancionada por Lula (PT), em 2006.

Isso ainda torna possível o cadastramento dos dependentes químicos e o tratamento justo e digno em clínicas especializadas, com profissionais competentes.

• Justiça para Jorge Floyd, João Pedro e Marcos Paulo! Investigação e punição dos envolvidos no assassinato de Marcos Paulo!

• Pela descriminalização das drogas e pela desmilitarização da Polícia Militar!

• Racismo mata! Capitalismo mata!

 

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