Nota de apoio à ocupação Amarildo de Souza

Todo apoio à ocupação Amarildo de Souza

“Quem é rico mora na praia mas quem trabalha não tem onde morar”
                                                                                             Fagner
Terreno cogitado para campo de golfe é ocupado por 60 famílias em Florianópolis

No dia 16 de dezembro último, um grande terreno abandonado no bairro Vargem Grande (norte de Florianópolis) foi ocupado por cerca de 60 famílias sem teto. A ocupação recebeu o nome de Ocupação Amarildo de Souza em homenagem ao pedreiro assassinado pela polícia militar no Rio de Janeiro. As famílias ocupadas vêm resistindo e lutando por um direito social que na prática os governos não garantem, o direito a moradia.
Antes da ocupação a área do terreno estava abandonada, sem nenhuma preocupação ou uso social. Vinha sendo debatida a possibilidade da construção de um imenso campo de golfe na área.


O norte da cidade também abriga o bairro de Jurerê Internacional, conhecido centro de encontro e diversão da alta burguesia. Canasvieiras, bairro vizinho, assistiu nas últimas semanas a absurdas manifestações de empresários e moradores de classe média que exigiam a expulsão de moradores de rua do bairro. O desenvolvimento elitista da cidade expulsa populações inteiras que não conseguem arcar com os altos preços dos aluguéis, terrenos e moradias.
Nas manifestações de junho deste ano, os movimentos sociais de Florianópolis saíram às ruas cantando “Ilha da magia, ela é do povo, não é da burguesia”. Apesar do canto, nossa cidade tem sido alvo de uma enorme especulação imobiliária. A burguesia tenta cada dia mais transformar a cidade em um grande resort. A cada ano aumentam os preços dos aluguéis, que superam em muito o gasto médio das famílias com alimentação, saúde e transporte. E quando não se tem nem onde morar, o acesso a outros direitos básicos como saúde e educação se tornam quase impossível.


No Brasil, segundo o IBGE, faltam 7,9 milhões residências. 25% da população brasileira (52 milhões de pessoas) vive em condições precárias de moradia. 90% das famílias que precisam de moradia ganham até 3 salários mínimos, mas o programa Minha Casa Minha Vida disponibiliza 60% dos recursos para famílias com renda superior. Além de não ter como foco as famílias que mais necessitam de moradia, o programa transfere bilhões em recursos públicos para as grandes construtoras, que aumentam ainda mais os preços dos imóveis.
 


Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito.

Chamamos a todos e todas a somarem forças no apoio à ocupação. Exigimos do Governo Colombo, chefe da polícia militar, que não reprima as famílias ocupantes do terreno. Exigimos a desapropriação da área para uso social, de forma a que o terreno sirva à moradia popular. E reafirmamos a exigência de que os governos Dilma, Colombo e César Souza Jr garantam a aplicação imediata de no mínimo 6% do PIB em habitação popular!

O PSTU apoia a ocupação no norte da Ilha

Todo o apoio à ocupação Amarildo de Souza! Pela desapropriação do terreno e regularização da ocupação!
Acesso a água, energia e construção de moradias populares Já! Emprego, saúde e educação para as famílias!
Contra a repressão e a criminalização das famílias e movimentos sociais!
Acesso dos trabalhadores a cidade! Contra o plano diretor de Florianópolis. Por um plano diretor construído pelos trabalhadores, estudantes e o povo pobre da cidade!
A terra deve ter uma função social. Pelo fim da especulação imobiliária. Reforma urbana e agrária ampla, sob controle dos trabalhadores!
Garantia de moradia digna para todos; aplicação de 6% do PIB em habitação popular já!

Comentários

  1. PARABÉNS AO SR. MOACIR PEREIRA.
    SE ESSES INVASORES FOSSEM MESMO TRABALHADORES COMO SE INTITULAM, PORQUE NÃO ACITARAM IR PARA O ACNETAMENTO EM CANOINHAS???????????????SEUS POLITIQUEIROS!!!!

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  2. MOACIR PEREIRA, em sua coluna no Clic RBS, lançou uma nota de repúdio ao apoio do PSTU à ocupação Amarildo de Souza. Como na ocasião da publicação (01/01/2014) , posto-o publicamente aqui como forma de registro e de protesto. Obviamente que muito mais poderia ser dito, porém, em decorrência do caráter do texto, o elaborei de maneira assaz sucinta, ficando, mesmo assim, demasiadamente longo. VAMOS A ELE:

    Ao apoiar a ocupação Amarildo de Souza o PSTU defende o direito à moradia de todos os brasileiros, garantido na constituição federal. Aquele terreno foi grilado há anos pelo ex-deputado Paludo, que, aliás, é dono de outras áreas de terras enormes e praticamente abandonadas no bairro Ratones, ao norte de Ilha de Santa Catarina. Ali, naquele terreno, há um bocado de anos, o ex-deputado, com a "ajuda" de verbas públicas, "construiu" uma fazenda para produção de camarões. Transportou, com o consentimento da Fatma e do Ibama (rsrs), água do Rio Ratones, construiu tanques e nunca, nunca mesmo, produziu um único camarão. Resumo: os cofres públicos foram lesados, a terras grilada e dali não tivemos (nós, a sociedade civil) um único retorno.

    Atualmente, a área encontrava-se "abandonada" e praticamente não se falava nela, até que um grupo de sem-tetos resolveu explorá-la para construir suas moradias, concretizando-se assim a função social do terreno, igualmente prevista na constituição de 1988. Ao que consta, o terreno seria (ou será?) utilizado para a construção de um campo de golfe, mais um nesta cidade. Sejamos francos: o Sr Paludo pretende mais uma vez lucrar, e lucrar muito, com o loteamento e a venda de uma terra grilada, em detrimento não somente da grande maioria das pessoas que residem nesta cidade, mas também do direito básico à moradia. Algo, aliás, bastante corriqueiro nesta cidade.

    Não é de hoje que a Ilha vem sofrendo com a especulação imobiliária. Empresas como Hantei, VVOA, Costão Ville Empreendimentos Imobiliários S/A (do empresário Fernando Marcondes de Mattos, preso em 2008 no processo “Moeda Verde), dentre outras, financiam campanhas eleitorais milionárias para a prefeitura de Florianópolis, em troca de favores que os beneficiem futuramente. Este é o jogo; assim são lançadas as cartas. Trocam-se votos por terras e favores nesta ilha. E estas terras, após passarem por seu processo de “urbanização”, passam por um processo de especulação tão grande, que tudo em seu entorno, em sua volta, se valoriza de maneira exorbitante, tornando-se insustentável a manutenção da população originalmente ali residente. E assim expulsam-se, gradualmente, os “manezinhos” de sua ilha natal, “expulsos” que são para áreas cada vez mais longínquas dos centros, onde se localizam hospitais, por exemplo.

    Aliás, esta parece ser a intenção da prefeitura com o aumento exorbitante do IPTU em áreas hoje valorizadas por essa urbanização na cidade. Saem os nativos, ficam-se as terras; e quem ganha são as empreiteiras, que compram os terrenos relativamente baratos, constroem prédios (muitas vezes em áreas de mangue ou de preservação, como aconteceu no bairro João Paulo), especulam e supervalorizam obras. Perde-se o direito básico à moradia!! Enquanto isso, os trabalhadores e a sociedade civil sofrem com a carência de serviços básicos, como saneamento, áreas públicas de lazer, transporte coletivo, saúde e educação, para citar os principais.

    Até quando o estado de direito e a justiça irão privilegiar empreendimentos escusos, em detrimento da sociedade civil? E por que a preocupação do Sr. Moacir Pereira em lançar uma nota apoiando esta reintegração de posse às escuras, sem um mínimo debate sequer com a sociedade civil? Afinal de contas, creio que é de interesse dos moradores da ilha o esclarecimento real do fato, desde sua origem. Vamos a fundo nesta investigação; certamente descobriremos que os invasores não são os sem-teto, mas sim o Sr. Paludo, seus amigos e seus apoiadores.

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