Por que não saímos com o Psol nas eleições?
É natural que muitas lutadoras e
lutadores perguntem por que o PSTU e o Psol não saíram coligados nas eleições
em Santa Catarina, afinal ambos são partidos de esquerda e oposição aos
governos do PT e da direita. Se os dois saíssem juntos não seriam mais fortes?
Não seriam uma opção mais viável para aqueles que procuram uma alternativa para
o voto depois de se desiludir com os partidos do governo?
A questão é exatamente essa.
Juntos com o Psol, que alternativa apresentaríamos à já desiludida classe
trabalhadora brasileira? Foi ao responder essa questão que surgiram nossas
diferenças - impossíveis, infelizmente de conciliá-las. Não nos propomos a
apresentar uma alternativa que seja mais do mesmo, uma nova versão do que o PT já
apresentou e não deu certo. Explicamos.
Diferente do que fala o PT, não é
possível governar para todos. Nossa sociedade é dividida entre exploradores e
explorados, entre empresários e trabalhadores das empresas, entre classes. É
preciso escolher um lado. Com esse discurso de que é possível “governar para
todos”, o PT foi cada vez mais para o lado dos empresários e acabou se
juntando com banqueiros, grandes empreiteiras, latifundiários do agronegócio.
Hoje são eles que financiam o partido, que continuam “dos trabalhadores” só
mesmo no nome, pois, como todos sabem, quem paga manda. Na política não é diferente.
Nós, do PSTU, escolhemos outro
caminho. Temos uma campanha eleitoral financiada pelos próprios militantes,
filiados e simpatizantes. Não aceitamos dinheiro de empresas, pois queremos
manter nossa total independência política. Hoje eles se oferecem para
contribuir e amanhã estão cobrando o favor; nós não temos "rabo preso".
A questão do financiamento
independente é uma das diferenças que temos com o Psol. Eles acham que há
alguns setores do grande empresariado dos qual podemos aceitar contribuições. Na
campanha passada, Luciana Genro, hoje candidata a presidência, aceitou dinheiro
da Gerdau, uma das maiores empresas beneficiadas com as privatizações de
Fernando Henrique Cardoso e, justamente por isso, um monopólio da produção de
aço no país. Não concordamos com essa postura.
Além disso, em outros aspectos, o
Psol também repete a triste trajetória do PT. Afrânio, candidato a governo do
estado por este partido, defende que a saída para Santa Catarina é um projeto "desenvolvimentista, democrático e popular". Nesse sentido, o programa de governo
apresentado pelo Psol também é o mesmo que o PT apresentava nas vésperas de
chegar ao governo federal. Essa proposta de governo é uma fórmula para governar
juntamente com empresários.
Nós temos
outra proposta. Queremos construir um mundo diferente do que temos hoje,
queremos acabar com as injustiças e não amenizá-las e manter tudo como está.
Para isso é necessário um governo dos trabalhadores e para os
trabalhadores. Para governar, os trabalhadores têm que se apoiar nas
mobilizações, greves e lutas, enfrentando-se com os empresários, ricos e poderosos. Assim avançaremos para uma sociedade justa e igualitária, a sociedade
socialista.
Sabemos que existem muitos
militantes honestos e socialistas dentro do Psol, que
acreditam na construção de um mundo melhor. Queremos dialogar fraternalmente e
dizer que a direção nacional desse partido - e infelizmente Santa Catarina tem
seguido a risca essa orientação – tem levado cada vez mais o partido a se
distanciar da defesa dos interesses da classe trabalhadora. A geração que viu o
PT se degenerar para a luta, não pode negar as semelhanças dessa trilha do
Psol.
Portanto, não se trata de ser
mais ou menos radical, como muitos pensam. Trata-se de apresentar de fato
projetos diferentes para a sociedade. Queremos construir uma candidatura que
aponte um saída para a crise capitalista. Queremos respostas às perguntas das
ruas: como resolver o problema da educação, do transporte, da saúde? Para nós é
preciso uma transformação radical da sociedade; só remendos não resolvem mais.
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