O que está por trás da atual disparada de preços no Brasil?
Daniel Silveira
O fenômeno da inflação é entendido normalmente pelos economistas como o aumento geral dos preços vigentes num país ou numa região durante um determinado período. Existem variados índices desenvolvidos por diferentes institutos de pesquisa, uns governamentais e outros não, para medir a inflação. O índice oficial do país é medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e chama-se IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
O IPCA acumulado nos meses de janeiro a outubro de 2015, que foi divulgado no último dia 06 de novembro, foi de 8,52%, e já está bem acima da esquecida meta oficial de inflação do governo para todos os doze meses deste ano estabelecida em 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Este é o maior índice acumulado nos 10 primeiros meses de um ano desde 1996 quando foi atingida a marca de 8,70%. A variação mensal do mês de outubro foi de 0,82%, o maior para um mês de outubro desde 2002, e a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 9,93%, a maior marca nesse quesito para um novembro desde 2003.
Nas variações acumuladas por itens, tomando como base os últimos 12 meses, o IPCA mostra que somente os Cereais, Leguminosas e Oleaginosas subiram 11,24% e Tubérculos, Raízes e Legumes 25,25%; Hortaliças e Verduras 14,77% e as carnes 17,16%; a alimentação fora do domicílio 10,77%. Todos esses itens são essenciais na mesa da classe trabalhadora. O item geral de alimentação teve um aumento médio de 10,39%, ficando superior ao índice geral de inflação.
Outros preços que atingem também duramente o padrão de vida dos trabalhadores e tiveram alta significativa foram a energia elétrica residencial com encarecimento de 52,30%, os combustíveis utilizados nos veículos 17,64%, os Planos de Saúde 11,50% e os transportes públicos 10,24% - no acumulado dos últimos 12 meses.
Tudo isso representa aquilo que já viemos sentindo há muito tempo: vivemos uma carestia de custo de vida muito grande. Não basta apertar os cintos que o salário continua ficando cada vez mais curto. Mas é importante constatar que a inflação não atinge por igual toda a sociedade. Os trabalhadores é que são os mais penalizados, como vimos nos índices acima. Podemos também constatar essa realidade observando o comportamento de outros índices de inflação no país.
Enquanto o IPCA procura medir a variação de preços de bens consumidos por famílias com renda entre 1 e 40 salários-mínimos, seja qual for o rendimento, temos também o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), igualmente de responsabilidade do IBGE, cuja população de estudo é mais restrita e abrange famílias que recebem entre 1 e 5 salários-mínimos e com a pessoa de referência sendo assalariada. O INPC teve alta de 0,77% em outubro, o acumulado nos dez primeiros meses do ano foi de 9,07% e o acumulado nos últimos doze meses foi de 10,33%, onde os indicadores acumulados do INPC se mostram superiores ao IPCA e reforça a tese de que a inflação vem sendo mais dura para a classe trabalhadora.
Para medir o INPC e o IPCA, o IBGE estuda como amostra as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Vitória, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande.
Como andam os preços em Florianópolis
Na nossa cidade também existe um índice que mede a inflação local. O Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas ESAG/UDESC calcula o Índice de Preços ao Consumidor (Custo de Vida) de Florianópolis. Eles tomam como base famílias florianopolitanas que têm renda de 1 a 20 salários mínimos. No acumulado dos últimos 12 meses o Custo de Vida em Florianópolis apresentou uma variação de 9,97%, e no acumulado dos dez primeiros meses de 2015 o valor acumulado registrou 8,51% de aumento. No mês de outubro tivemos uma variação mensal de 0,78%. Como vemos, indicadores são próximos aos medidos nacionalmente pelo IBGE, o que confirma a continuidade de Florianópolis como uma das cidades com mais alto custo de vida do país.
Outro indicador importante é o preço da cesta básica medida pelo DIEESE que nos dá um indicador de como a inflação vem se abatendo, em especial sobre a classe trabalhadora da cidade. Segundo o estudo do DIEESE, em outubro deste ano, Florianópolis apresentou a terceira cesta básica mais cara do país. O custo da cesta básica em Florianópolis foi de R$ 378,45, enquanto em Porto Alegre chegou a R$ 380,80 e em São Paulo foi de R$ 382,13, ocupando essas outras capitais, respectivamente, a segunda e a primeira colocação. Apesar da variação mensal na cidade ter apresentado uma queda de -1,21% em outubro, a alta no ano de 2015 apresenta um índice acumulado de 7,18% e nos últimos doze meses de 7,16%.
Com esse valor da cesta básica, um trabalhador que ganha um salário mínimo na cidade, levando-se em consideração o desconto para a Previdência e Seguridade Social, comprometeria 52,20% da sua renda líquida para adquiri-la. O que mostra a condição de penúria de um trabalhador que ainda teria que arcar com os custos de moradia, transporte, educação, saúde, vestuário e até mesmo com outros custos de alimentação necessários para manter sua família bem alimentada.
Governo Dilma/PT, Congresso Nacional e patrões vêm tentando impor o arrocho salarial
O único preço na economia que causa horror e provoca comoção entre patrões, governos, Congresso Nacional e grande mídia quando aumenta é o salário – que representa o preço da nossa força de trabalho. Isso quando não é apontado injustamente como o vilão da inflação. Não basta esperarmos durante um ano todo para que nossos salários possam aumentar alguma coisa (depois que tudo já aumentou), teríamos também que nos contentar com baixos reajustes ou até mesmo com reajuste zero e, se duvidar, com a perda de nossos empregos. Por isso, atualmente o governo Dilma/PT, a oposição de direita liderada pelo PSDB no Congresso Nacional, e os patrões se unem para arrochar o salário do trabalhador.
Para comprovamos essa unidade basta olharmos a política do salário mínimo. O salário mínimo no país atualmente é de apenas R$ 788,00, que a despeito de dizerem que teve nos últimos um ganho real, continua a representar um valor muito inferior ao mínimo que está determinado na Constituição Federal de 1988 e que prevê um valor suficiente para suprir as necessidades básicas de consumo médio de uma família de quatro pessoas. Atualmente, o salário mínimo com base na Constituição Federal medido pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas) deveria ser de R$ 3.210,28, ou seja, pouco mais de quatro vezes maior do que o atual.
O crescimento do desemprego no país e medidas como o ataque ao seguro desemprego realizado por Dilma/PT, com a medida provisória 665, são outros vilões no país para o rebaixamento das condições salariais dos trabalhadores e seu empobrecimento frente ao aumento da inflação. Em setembro de 2014 a taxa de desemprego era de 4,9% e nos meses de agosto e setembro de 2015 ficou em 7,6%, o que acentua a concorrência pelo emprego e aumenta o poder dos patrões de rebaixar os salários. Quanto a medida provisória 665 de Dilma/PT, que aumentou de 6 meses para 1 ano o período necessário de trabalho com carteira assinada para ter acesso ao seguro desemprego diante de demissão imotivada, rebaixa os salários porque obriga cada vez mais um contingente de trabalhadores a aceitar logo de inicio qualquer condição salarial e de trabalho oferecida pelos patrões para poderem conseguir um novo emprego.
Não por um acaso a renda do trabalhador também vem caindo. A renda média real, descontados os efeitos da inflação, e habitual, que o trabalhador ganha habitualmente num mês completo de trabalho, caiu de R$ 2.278,58 por mês em setembro de 2014 para R$ 2.196,54 em setembro de 2015. O que representa uma queda de 4,3%. A massa salarial real e habitual no país caiu 6,1% quando comparado os meses de setembro de 2015 com setembro de 2014.
Para Concluir
A disparada inflacionária hoje no país é um dos sintomas da crise econômica internacional que já se instalou no Brasil e mudou o quadro de desaceleração para o de recessão econômica. Pois, se antes a economia crescia a taxas cada vez menores agora temos diminuição da atividade econômica com taxas negativas do PIB.
A disparada inflacionária atual, portanto, não é um acidente e nem originada de forças econômicas ocultas e impessoais. É resultado das ações tomadas contra a crise por parte do imperialismo e da burguesia brasileira, com o apoio ativo do Governo Dilma/PT e de Temer/PMDB e demais governos municipais e estaduais, do Congresso Nacional e da oposição de direita, liderada pelo PSDB. Eles a utilizam para tentar manter o crescimento de suas taxas de lucro ou para evitar sua queda. Procuram ganhar no imediato, aumentando os preços de seus produtos e serviços ou em reação ao aumento de preços de outros capitalistas. E os trabalhadores são o elo mais fraco da corrente, pois dificilmente conseguem impor o aumento do preço de sua força de trabalho (o salário).
O aspecto mais importante de toda essa política, do ponto de vista patronal, para garantir sua efetividade, é a perda do poder aquisitivo do trabalhador com o rebaixamento salarial. Isso só é possível devido ao poder das grandes empresas e bancos e ao papel amigo dos governos.
Assim, a inflação no Brasil de hoje representa um conflito econômico e político entre as classes em torno da distribuição imediata das perdas com a crise econômica, onde os mais penalizados são os trabalhadores, e que toma aspecto mais aberto nas greves e mobilizações da nossa classe.
Mas a inflação por si só é incapaz de pender a balança totalmente para o lado dos capitalistas e resolver o problema de fundo da manutenção das suas taxas de lucro. Por isso, junto temos medidas mais estruturais no terreno econômico, como uma retirada sem precedentes de direitos e conquistas da nossa classe, o aumento da dependência do país por meio, por exemplo, do agigantamento da dívida pública e temos a queima de capitais que atingem os trabalhadores de modo mais forte através do desemprego.
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Fonte dos Dados Econômicos
CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECONÔMICAS. Índice de preços ao consumidor – Custo de Vida Florianópolis – Relatório Mensal – OUTUBRO/2015. Disponível em: http://www.esag.udesc.br/arquivos/id_submenu/1384/custo_de_vida_outubro_2015.pdf Acessado em: 16/11/2015.
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Custo da Cesta básica tem comportamento diferenciado nas capitais pesquisadas. Disponível em: http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/2015/201510cestabasica.pdf Acessado em: 16/11/2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores IBGE – Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – IPCA e INPC – Outubro de 2015. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201510caderno.pdf Acessado em: 09/11/2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Mensal de Emprego – Setembro 2015. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Mensal_de_Emprego/fasciculo_indicadores_ibge/2015/pme_201509pubCompleta.pdf Acessado em: 16/11/2015.
O IPCA acumulado nos meses de janeiro a outubro de 2015, que foi divulgado no último dia 06 de novembro, foi de 8,52%, e já está bem acima da esquecida meta oficial de inflação do governo para todos os doze meses deste ano estabelecida em 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Este é o maior índice acumulado nos 10 primeiros meses de um ano desde 1996 quando foi atingida a marca de 8,70%. A variação mensal do mês de outubro foi de 0,82%, o maior para um mês de outubro desde 2002, e a variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 9,93%, a maior marca nesse quesito para um novembro desde 2003.
Nas variações acumuladas por itens, tomando como base os últimos 12 meses, o IPCA mostra que somente os Cereais, Leguminosas e Oleaginosas subiram 11,24% e Tubérculos, Raízes e Legumes 25,25%; Hortaliças e Verduras 14,77% e as carnes 17,16%; a alimentação fora do domicílio 10,77%. Todos esses itens são essenciais na mesa da classe trabalhadora. O item geral de alimentação teve um aumento médio de 10,39%, ficando superior ao índice geral de inflação.
Outros preços que atingem também duramente o padrão de vida dos trabalhadores e tiveram alta significativa foram a energia elétrica residencial com encarecimento de 52,30%, os combustíveis utilizados nos veículos 17,64%, os Planos de Saúde 11,50% e os transportes públicos 10,24% - no acumulado dos últimos 12 meses.
Tudo isso representa aquilo que já viemos sentindo há muito tempo: vivemos uma carestia de custo de vida muito grande. Não basta apertar os cintos que o salário continua ficando cada vez mais curto. Mas é importante constatar que a inflação não atinge por igual toda a sociedade. Os trabalhadores é que são os mais penalizados, como vimos nos índices acima. Podemos também constatar essa realidade observando o comportamento de outros índices de inflação no país.
Enquanto o IPCA procura medir a variação de preços de bens consumidos por famílias com renda entre 1 e 40 salários-mínimos, seja qual for o rendimento, temos também o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), igualmente de responsabilidade do IBGE, cuja população de estudo é mais restrita e abrange famílias que recebem entre 1 e 5 salários-mínimos e com a pessoa de referência sendo assalariada. O INPC teve alta de 0,77% em outubro, o acumulado nos dez primeiros meses do ano foi de 9,07% e o acumulado nos últimos doze meses foi de 10,33%, onde os indicadores acumulados do INPC se mostram superiores ao IPCA e reforça a tese de que a inflação vem sendo mais dura para a classe trabalhadora.
Para medir o INPC e o IPCA, o IBGE estuda como amostra as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador, Curitiba e Vitória, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia e Campo Grande.
Como andam os preços em Florianópolis
Na nossa cidade também existe um índice que mede a inflação local. O Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas ESAG/UDESC calcula o Índice de Preços ao Consumidor (Custo de Vida) de Florianópolis. Eles tomam como base famílias florianopolitanas que têm renda de 1 a 20 salários mínimos. No acumulado dos últimos 12 meses o Custo de Vida em Florianópolis apresentou uma variação de 9,97%, e no acumulado dos dez primeiros meses de 2015 o valor acumulado registrou 8,51% de aumento. No mês de outubro tivemos uma variação mensal de 0,78%. Como vemos, indicadores são próximos aos medidos nacionalmente pelo IBGE, o que confirma a continuidade de Florianópolis como uma das cidades com mais alto custo de vida do país.
Outro indicador importante é o preço da cesta básica medida pelo DIEESE que nos dá um indicador de como a inflação vem se abatendo, em especial sobre a classe trabalhadora da cidade. Segundo o estudo do DIEESE, em outubro deste ano, Florianópolis apresentou a terceira cesta básica mais cara do país. O custo da cesta básica em Florianópolis foi de R$ 378,45, enquanto em Porto Alegre chegou a R$ 380,80 e em São Paulo foi de R$ 382,13, ocupando essas outras capitais, respectivamente, a segunda e a primeira colocação. Apesar da variação mensal na cidade ter apresentado uma queda de -1,21% em outubro, a alta no ano de 2015 apresenta um índice acumulado de 7,18% e nos últimos doze meses de 7,16%.
Com esse valor da cesta básica, um trabalhador que ganha um salário mínimo na cidade, levando-se em consideração o desconto para a Previdência e Seguridade Social, comprometeria 52,20% da sua renda líquida para adquiri-la. O que mostra a condição de penúria de um trabalhador que ainda teria que arcar com os custos de moradia, transporte, educação, saúde, vestuário e até mesmo com outros custos de alimentação necessários para manter sua família bem alimentada.
Governo Dilma/PT, Congresso Nacional e patrões vêm tentando impor o arrocho salarial
O único preço na economia que causa horror e provoca comoção entre patrões, governos, Congresso Nacional e grande mídia quando aumenta é o salário – que representa o preço da nossa força de trabalho. Isso quando não é apontado injustamente como o vilão da inflação. Não basta esperarmos durante um ano todo para que nossos salários possam aumentar alguma coisa (depois que tudo já aumentou), teríamos também que nos contentar com baixos reajustes ou até mesmo com reajuste zero e, se duvidar, com a perda de nossos empregos. Por isso, atualmente o governo Dilma/PT, a oposição de direita liderada pelo PSDB no Congresso Nacional, e os patrões se unem para arrochar o salário do trabalhador.
Para comprovamos essa unidade basta olharmos a política do salário mínimo. O salário mínimo no país atualmente é de apenas R$ 788,00, que a despeito de dizerem que teve nos últimos um ganho real, continua a representar um valor muito inferior ao mínimo que está determinado na Constituição Federal de 1988 e que prevê um valor suficiente para suprir as necessidades básicas de consumo médio de uma família de quatro pessoas. Atualmente, o salário mínimo com base na Constituição Federal medido pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas) deveria ser de R$ 3.210,28, ou seja, pouco mais de quatro vezes maior do que o atual.
O crescimento do desemprego no país e medidas como o ataque ao seguro desemprego realizado por Dilma/PT, com a medida provisória 665, são outros vilões no país para o rebaixamento das condições salariais dos trabalhadores e seu empobrecimento frente ao aumento da inflação. Em setembro de 2014 a taxa de desemprego era de 4,9% e nos meses de agosto e setembro de 2015 ficou em 7,6%, o que acentua a concorrência pelo emprego e aumenta o poder dos patrões de rebaixar os salários. Quanto a medida provisória 665 de Dilma/PT, que aumentou de 6 meses para 1 ano o período necessário de trabalho com carteira assinada para ter acesso ao seguro desemprego diante de demissão imotivada, rebaixa os salários porque obriga cada vez mais um contingente de trabalhadores a aceitar logo de inicio qualquer condição salarial e de trabalho oferecida pelos patrões para poderem conseguir um novo emprego.
Não por um acaso a renda do trabalhador também vem caindo. A renda média real, descontados os efeitos da inflação, e habitual, que o trabalhador ganha habitualmente num mês completo de trabalho, caiu de R$ 2.278,58 por mês em setembro de 2014 para R$ 2.196,54 em setembro de 2015. O que representa uma queda de 4,3%. A massa salarial real e habitual no país caiu 6,1% quando comparado os meses de setembro de 2015 com setembro de 2014.
Para Concluir
A disparada inflacionária hoje no país é um dos sintomas da crise econômica internacional que já se instalou no Brasil e mudou o quadro de desaceleração para o de recessão econômica. Pois, se antes a economia crescia a taxas cada vez menores agora temos diminuição da atividade econômica com taxas negativas do PIB.
A disparada inflacionária atual, portanto, não é um acidente e nem originada de forças econômicas ocultas e impessoais. É resultado das ações tomadas contra a crise por parte do imperialismo e da burguesia brasileira, com o apoio ativo do Governo Dilma/PT e de Temer/PMDB e demais governos municipais e estaduais, do Congresso Nacional e da oposição de direita, liderada pelo PSDB. Eles a utilizam para tentar manter o crescimento de suas taxas de lucro ou para evitar sua queda. Procuram ganhar no imediato, aumentando os preços de seus produtos e serviços ou em reação ao aumento de preços de outros capitalistas. E os trabalhadores são o elo mais fraco da corrente, pois dificilmente conseguem impor o aumento do preço de sua força de trabalho (o salário).
O aspecto mais importante de toda essa política, do ponto de vista patronal, para garantir sua efetividade, é a perda do poder aquisitivo do trabalhador com o rebaixamento salarial. Isso só é possível devido ao poder das grandes empresas e bancos e ao papel amigo dos governos.
Assim, a inflação no Brasil de hoje representa um conflito econômico e político entre as classes em torno da distribuição imediata das perdas com a crise econômica, onde os mais penalizados são os trabalhadores, e que toma aspecto mais aberto nas greves e mobilizações da nossa classe.
Mas a inflação por si só é incapaz de pender a balança totalmente para o lado dos capitalistas e resolver o problema de fundo da manutenção das suas taxas de lucro. Por isso, junto temos medidas mais estruturais no terreno econômico, como uma retirada sem precedentes de direitos e conquistas da nossa classe, o aumento da dependência do país por meio, por exemplo, do agigantamento da dívida pública e temos a queima de capitais que atingem os trabalhadores de modo mais forte através do desemprego.
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Fonte dos Dados Econômicos
CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECONÔMICAS. Índice de preços ao consumidor – Custo de Vida Florianópolis – Relatório Mensal – OUTUBRO/2015. Disponível em: http://www.esag.udesc.br/arquivos/id_submenu/1384/custo_de_vida_outubro_2015.pdf Acessado em: 16/11/2015.
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Custo da Cesta básica tem comportamento diferenciado nas capitais pesquisadas. Disponível em: http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/2015/201510cestabasica.pdf Acessado em: 16/11/2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Indicadores IBGE – Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – IPCA e INPC – Outubro de 2015. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/ipca-inpc_201510caderno.pdf Acessado em: 09/11/2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Mensal de Emprego – Setembro 2015. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Trabalho_e_Rendimento/Pesquisa_Mensal_de_Emprego/fasciculo_indicadores_ibge/2015/pme_201509pubCompleta.pdf Acessado em: 16/11/2015.
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