BRASIL: ENTRE A CRISE, A PANDEMIA E AS ELEIÇÕES – uma breve apresentação de conjuntura


Neste ano nossa campanha eleitoral se realizará em condições especiais: em meio a uma grande crise econômica e a uma recessão mundial e imersa em uma crise sanitária sem precedentes neste século.

Em todo o mundo as economias despencaram. Países centrais da Europa, como Alemanha, França e Inglaterra registraram, respectivamente, quedas de 9,7%, 13,2% e 20,4% em seus PIBs. Outras economias centrais no mapa geopolítico mundial, como Japão (7,8%), EUA (9,1%) e Austrália (7%), e mesmo economias secundárias como Portugal (14,1%) e Espanha (18,5%) mantiveram a tendência, fechando o 2o trimestre com quedas assustadoras.

Mesmo com a recuperação no último período da economia chinesa, a primeira a abrir integralmente após o surto pandêmico, registrando alta de 11,5% no último trimestre, as expectativas para crescimento global mais otimistas preveem uma recessão mundial, que tende a se aprofundar no ano que vem. Até o gigante asiático terá queda em seu crescimento, já prevista, aliás, antes mesmo da COVID-19.

No Brasil, que entra em uma nova recessão sem superar completamente a anterior – iniciada em 2013 –, as eleições ocorrerão em meio ao aumento não somente da crise econômica, mas também política e social. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o PIB brasileiro encolheu 9,7% no segundo trimestre deste ano, o que demonstra a gravidade da situação.

Mas a crise apenas engatinha. O que aumenta ainda mais a importância da disputa política nessas eleições. Se antes da pandemia já se previa um período de bastante disputa política e de muitas lutas dos trabalhadores para manter direitos mínimos, a insurgência da crise sanitária facilitou contrarreformas neoliberais e ataques. E não foram poucos.

Isso gerou descontentamento com o governo Bolsonaro, é claro. Porém, à medida em que cresceu sua impopularidade, a pandemia e o desemprego crescente favoreceram o arrefecimento das lutas por aumento de salários. Mas esse cenário não significa ausência completa de lutas. E, embora não seja a tônica do período, as que acontecem são muito importantes, como as dos professores, contra a volta as aulas, ou a dos metroviários de SP, dos trabalhadores dos Correios, da Embraer e contra as demissões na Renault.

Nesse cenário, não podemos deixar de destacar o papel lamentável protagonizado pelos reformistas do PT/PCdoB e do PSOL e pelas grandes centrais sindicais, como CUT e CTB, que paulatinamente ajuda(ra)m a frenar as lutas. Já não nos bastassem todas as dificuldades impostas pelo período! Essa combinação de elementos: desemprego, pandemia e retração das lutas, proporcionou ao governo Bolsonaro um pouco mais de calma para realizar seus ataques e estancar provisoriamente o aumento da crise política que cerceia o seu governo.

Esse fôlego adquirido pelo governo só se explica, aliás, pelas políticas desses partidos. A garrafa de oxigênio de Bolsonaro é pequena e estava praticamente vazia. E com o surgimento da crise sanitária, que já levou a óbito praticamente 130 mil pessoas no país, graças ao descaso com que trata o assunto, não era de se esperar outro cenário que não a sua queda. Porém, acontece – ao menos provisoriamente – o inverso.

De fato, a famigerada política de conciliação de classes do PT/PCdoB foi a responsável pela ascensão ao poder de um governo de extrema direita com uma política ulraliberal. Se Bolsonaro faz pouco da vida as pessoas que morreram ao subjugar o potencial de alastramento do vírus, chegando por vezes a ironizar os números alarmantes de casos e óbitos, parte dessa responsabilidade cai no colo desse reformismo inconsequente que não foi capaz de solucionar os problemas mais básicos da classe trabalhadora e que, merecidamente, claudicou.

Mas devemos responsabilizar o governo pelas mortes, pela crise sanitária, ambiental, humanitária e econômica que assola este país. Bolsonaro é o principal responsável pela situação alarmante que enfrentamos. Sua política inconsequente, com seu programa ultraliberal e entreguista, vem provocando o empobrecimento gradual das classes trabalhadora e média e ocasionando o fechamento de pequenas e médias empresas e o aumento exponencial do desemprego. Na medida inversa em que aumentam os problemas sociais e ambientais no Brasil e no mundo, aumenta o acúmulo de capital nas mãos de poucos bilionários.

Agora, trazendo a discussão para um plano mais local – e para encerramos aqui esta breve explanação – é importante ressaltarmos que tanto no Estado de Santa Catarina, quanto no município de Florianópolis, o governador Moisés e o prefeito Gean Loureiro foram uníssonos no discurso da quarentena no início da pandemia, reivindicando ambos a ciência e fechando comércios, shoppings centers, cinema e por aí vai.

Embora no Estado a quarentena nunca tenha ocorrido na prática, já que não foi tomada nenhuma medida política por parte do governador para reduzir o contágio do vírus nas regiões industriais. Pelo contrário! As indústrias de Santa Catarina não fecharam durante a pandemia. Um só minuto. Sequer uma política de afastamento e de turnos expandidos foi proposta. Nas fábricas e indústrias a pandemia se alastrou sem qualquer obstáculo.

Porém, mesmo essa quarentena fictícia não perdurou por muito tempo. Não tardou para que ambos seguissem os rumos impostos pela política de Bolsonaro e afrouxassem as medidas (o Estado antes, é bem verdade), privilegiando o discurso econômico em detrimento da vida das pessoas. Decorre desses fatores a importância maior de nós do PSTU disputarmos o processo eleitoral, incorporando em nossos materiais um programa que vise a uma alternativa socialista para a classe trabalhadora, que não se limite a esparramar palavras de ordem e chavões contra o governo Bolsonaro, mas que busque uma saída de classe para tod@s os trabalhador@s. Uma alternativa socialista que insira a classe no processo de luta que se desenrola. Eis nossa tarefa e nosso programa para essas eleições de 2020.

FORA BOLSONARO E MOURÃO. POR UM GOVERNO SOCIALISTA E DOS TRABALHADORES, EMBASADO EM CONSELHOS POPULARES!!

QUARENTENA PRA VALER COM EMPREGO E RENDA.

QUE OS RICOS PAGUEM PELA CRISE.


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