08 de março em Floripa reúne trabalhadoras e estudantes

No dia 08 de março, dezenas de militantes feministas, coletivos independentes e organizações sindicais  e políticas marcaram o dia internacional de luta da mulher em Florianópolis. O PSTU e o Movimento Mulheres em Luta estiveram presentes no Ato unificado chamando a todas e todos a lutarem contra a violência à mulher e exigindo dos governos mais verbas para creches, saúde, educação e transporte.

O Bloco intitulado “Saia da Balaia e Meta a Colher” seguiu pelas ruas do centro e cada esquina mais pessoas se juntavam, cantando palavras de ordem em ritmo de marchinhas e funks. Foram distribuídos panfletos, letras das musicas e leques, e o apoio da população foi emocionante. No fim do ato foi feita uma homenagem, lembrando nossa companheira Sandra e seu filho Icauã, assinados cruelmente pelo seu namorado há algumas semanas atrás em Olinda-PE, fazendo de nossa companheira mais uma das milhares de vítimas fatais
 do machismo.


O palco do César Souza Jr.

Para a surpresa de todas e todos, a prefeitura municipal de Florianópolis divulgou o calendário completo do movimento feminista em seu site, como se fizesse parte da programação oficial, incluindo o Roda Baiana chamado pelo coletivo Feminista Somos Pagu/MML que saiu na terça feira de carnaval. Não bastasse, montou um palco no mesmo local da concentração do 08 de março, tentando assim “engolir” o ato com a programação de shows de samba e discursos dos representantes da prefeitura e dos poder legislativo como a deputada estadual Angela Albino, do PcdoB.

O movimento marcou sua posição e como forma de repudio a ação da prefeitura se retirou, fazendo o bloco percorrer as ruas do centro em uma manifestação independente dos governos e da prefeitura. Para o prefeito César Souza(PSD), o dia 08 de março nada mais é que um dia de festa e de comemorações. 
Nos outros dias do ano a prefeitura ignora a pauta das mulheres, se recusando a realizar investimentos nas áreas mais sensíveis: educação, saúde e transporte. Para o movimento feminista, este e todos os outros dias do ano são dias de luta. No país onde 15 mulheres são assassinadas por dia, estamos longe de comemorar.


Cadê a creche pra mamãe trabalhar?

Apesar da demagogia da prefeitura em realizar um ato em homenagem as mulheres, olhando os números é evidente que as reivindicações do movimento passam longe das prioridades do prefeito. Só com o gasto de um dos contratos do Natal e Reveillon da prefeitura com a RBS*, quase 5 milhões de reais, seria possível, por exemplo, construir sete novas creches, criando vagas para quase mil crianças. Atualmente o município conta com um déficit de pelo menos 2.000 crianças até 05 anos sem vagas, na fila de espera.
No combate a violência à mulher a situação é ainda pior. A capital não conta com nenhuma casa abrigo para receber mulheres vítimas de violência que tenham que deixar suas casas e somos o terceiro estado no ranking de maior índice de estupros. 

A nossa luta é todo dia

O dia 08 de março é um dia simbólico de luta para as mulheres. Desde o século passado essa data é marcada pelas reivindicações de igualdade de direitos. Mas a luta não acontece somente em março,  é necessário que a juventude e as mulheres trabalhadoras se organizem e lutem todos os dias.
Nós, mulheres do PSTU, fazemos parte da construção do Movimento Mulheres em Luta, o MML, que nasceu ligado à CSP-Conlutas, uma organização sindical e popular da classe trabalhadora que luta pela libertação de homens e mulheres, para que toda opressão de gênero, raça, identidade/orientação sexual e a exploração capitalista tenham fim.



*contrato 1050/SETUR/2013






Comentários

  1. Parabéns pelo Ato. Muito coerente nas ideias, porém noto uma séria e grave tendência de extremismo nesses movimentos em geral (não só do feminista, mas de todos os grupos como um todo). Entendo que esta comunicação em forma de exigência (e intransigência) sirva para os mais moderados refletirem, mas de pouco agregam na eficiente resolução dos problemas a serem enfrentados.
    Não estou falando do movimento específico do dia internacional da mulher, mas de todos os movimentos em geral que são levados pela emoção e às vezes perdem as estribeiras.
    Penso que devemos trabalhar com fatos, evidências, pesquisas tratando-se de qualquer assunto de caráter público e uma boa conversa termina muito "diz que me disse" e é mais produtiva.

    Ideias de trabalho

    -Analisem estatísticas do assunto que estão batalhando. Quando digo analisem, peço para realmente pensarem, pois facilmente números podem enganar (seja a favor ou contra). Pesem os prós e contras das informações que são passadas. Não aceitem simplesmente as estatísticas que os convém;

    - Pensem nos horários e locais que estão protestando. É muito fácil ocorrerem gritarias por se envolver pessoas que não estão no protesto e atrapalhar a vida dessas pessoas. Também é muito fácil chamar as pessoas que se sentem atrapalhadas de conformistas, quando não se sabe a realidade de cada um. Se agrega mais simpatizantes em momento que as pessoas estão propensas a receber novas ideias (horários de pico não são uma boa ideia, fica a dica).

    -Cuidado com os partidos políticos, no momento que a minoria política se torna maioria, percebe-se que o buraco é mais embaixo. Está para nascer uma revolução extrema que traga benefícios consistentes sem um grande período de reconstrução (leia-se guerras). Se a vontade é a evolução pelas ideias, uma aproximação mais moderada não quer dizer abdicar das necessidades do povo, e sim ganhar adeptos e força ao movimento. Lembrando que muitas vezes não importa tanto O QUE se fala, mas COMO se fala.

    PS: não sou sindicalista, nem simpatizante de qualquer partido e é uma opinião sincera e se por acaso alguém vir este meu relato, tente colocá-lo em prática.

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  2. Obrigada pelo seu comentário Luiz, acho que suas reflexões são válidas e contribuem para o debate sim!

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