Ocupação da UFSC acaba com vitória para os estudantes



Reunidos em assembleia, os estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina definiram por desocupar a reitoria na tarde desta sexta-feira, dia 28 de março. A ocupação, que durou três dias, ocorreu depois que policias federais e militares invadiram o campus da UFSC, protagonizando ações de extrema violência contra os estudantes e a comunidade universitária.

A ocupação terminou com uma grande vitória para o movimento estudantil: a reitora Roselane Neckel assinou um termo de compromisso se colocando veementemente contrária a qualquer ação de repressão da polícia no campus e com a promessa de que o movimento não será criminalizado. Além disso, os estudantes também conseguiram a revogação de dois itens importantes que limitavam o acesso das mulheres estudantes ao recebimento do auxílio creche, a garantia de que o plano de iluminação do campus será prioridade da gestão, o compromisso de combater qualquer forma de opressão e abertura de edital para contratação de segurança universitária. Dos 13 pontos da carta de reivindicações da ocupação, 8 foram contemplados totalmente e 5 parcialmente.


A ocupação acaba, o movimento não!

O movimento chamado “Levante do Bosque” desocupa a reitoria, mas não acaba. Os estudantes continuarão mobilizados pelos itens da pauta que ainda não foram contemplados totalmente e por outras reivindicações de direitos estudantis. “Sabemos também que, apesar de ter assinado o termo de compromisso, a reitoria pode voltar atrás e não aplicar o que foi acordado; não temos nenhuma ilusão nesse sentido”, disse Gabriela Santetti, estudante de pedagogia e militante da juventude do PSTU .

O movimento também deve exigir de Roselane que vá além, não basta somente ser contra e lamentar os episódios depois de terem acontecido, é preciso proibir a presença da polícia. A ação desastrosa da polícia no dia 25 só pode acontecer porque a reitoria autorizou previamente a sua entrada no campus.

Na desocupação, além da entrega da carta com os termos do movimento, foi exigido uma audiência pública com a reitora para que ela se pronuncie sobre as reivindicações. Depois da audiência já está marcada uma nova assembleia, no dia 31 de março às 10:00 horas e, no dia 1 de abril, um ato conjunto em memória das vítimas da Ditadura Militar e contra a Militarização da Polícia.


Um campus, duas classes

No momento de desocupação, estudantes e professores contrários a ocupação e favoráveis a presença da polícia organizaram uma manifestação pela internet para recolocar a bandeira do Brasil, que supostamente teria sido retirada do mastro em frente à reitoria*. Além disso o ato também foi chamado “pela reabertura do restaurante e da biblioteca universitária”, numa clara postura contra a greve dos servidores federais desta universidade. Durante o ato, além de cantar o hino nacional e a música de abertura do desenho “Dragon Ball Z ”, também houve palavras de ordem xingando o movimento. Apesar de se auto intitularem “a verdadeira maioria”, o ato foi bem menor que o número de estudantes organizados nas assembleias e na ocupação, e composto de estudantes dos cursos mais elitizados.

Do outro lado, os estudantes do Levante do Bosque não caíram nas provocações e cantaram palavras de ordem em apoio aos trabalhadores, pelo fim da PM, pela popularização da universidade e contra a opressão. Cansados, mas muito mais organizados, garantiram que não houvesse nenhum tipo de ataque ao movimento. A escalada de um estudante ocupado para hastear uma bandeira LGBT foi o ponto alto da manifestação. O hasteamento da bandeira do arco-íris é um marco na história da universidade, demonstrando a importância da luta contra a opressão dentro do movimento estudantil e dentro da própria ocupação. Foi bonito.


É possível vencer

Com essa vitória categórica na UFSC o movimento estudantil mostra que a luta organizada é o caminho para se garantir os direitos e conquistar ainda mais. Ainda estamos longe da universidade que queremos; é preciso continuar a organização do movimento e garantir que os projetos privatizantes do governo Dilma, na UFSC, não passarão. Os professores, técnicos administrativos e estudantes têm a tarefa se unirem na luta contra a privatização do Hospital Universitário com a EBESERH, pela abertura de pelo menos 12 horas de toda universidade, por democratização dos espaços de decisão, por direitos de permanência estudantil.

*Na verdade, apesar do sensacionalismo da mídia, o movimento não retirou a bandeira. O que houve é que a segurança responsável por hastea-la todos os dias não teve acesso a sala dentro do prédio da reitoria onde a bandeira é guardada. Portanto, durante a ocupação, a bandeira do Brasil não foi vista no mastro em frente ao prédio.


Gabriela fala sobre o fim da ocupação:

Comentários

  1. É um movimento estudantil ou político-partidário?

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  2. Olá! O movimento que ocupou a reitoria é o movimento estudantil. Dentro do movimento, assim como na sociedade, há pessoas que se organizam em partidos, em correntes políticas, há anarquistas e independentes. Os militantes da juventude do PSTU participaram dessa ocupação desde o início, por concordar com pauta e por acharem mais que legítimo todos os estudarem lutarem por seus direitos.

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  3. Olá, Thiago Klock. As vitórias conquistadas pelos estudantes concernem no comprometimento da reitora em atender parte importante de nossas reivindicações, como iluminação no campus, segurança própria da UFSC, dentre outros. Eu, que participei ativamente da ocupação (e vale dizer que não milito no pstu, nem concordo com tudo o que defende este partido), te garanto que o que está escrito não é mentira. Só não entendo porque ainda não te responderam. Valeu.

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