O governo Colombo e a explosão da violência em Santa Catarina

Cápsulas de fuzil foram encontradas nas ruas de São Cristóvão do Sul. FONTE: Diário Catarinense.
Santa Catarina vive uma verdadeira explosão de violência. Nas grandes cidades o crime toma porções catastróficas. Em Joinville, a maior cidade do estado, os assassinatos neste ano já somam mais de 60 casos e entre eles há inclusive o caso de uma criança vitima de “bala perdida”.

Em Florianópolis, os tiroteios entre gangues que dominam bairros só crescem. As comunidades Chico Mendes e Monte Cristo enfrentam cotidianamente esse terror.

No sul, em Criciúma, o crime organizado chegou a controlar militarmente uma importante região da cidade, chegando mesmo a desmoralizar a própria ação da polícia.

Em outras grandes cidades do estado o quadro não é mais animador. Todavia, mesmo as cidades médias também já entraram nessa espiral de violência. Cidades como Palhoça, Gaspar, Navegantes e outras ostentam altos índices de violência.

As outras ― ora pacíficas e bucólicas cidades do interior ― estão sendo infernizadas pelos assaltos a banco e agências dos correios. Esses assaltos aterrorizam a população local, tomando reféns e dominando a polícia. Não por acaso estes crimes estão sendo chamados de “novo cangaço”.

A esse quadro se somam as várias ondas de ataques do crime organizado, que tanto prejuízo têm causado à população e que atingiram várias regiões do estado. Agora, o próprio governador admite que estamos na iminência de uma guerra entre os mais violentos bandos organizados: o PCC contra o PCG.

Também é grande o aumento da violência contra a mulher. Nestes casos, as vítimas continuam sem assistência pelo estado, que inclusive, foi totalmente omisso para impedir esses crimes, mesmo quando alertado a tempo de poder impedi-los.

O crescimento assustador da violência demonstra de forma contundente a falência da politica de segurança do Governo Colombo. É verdade que a violência é um fenômeno nacional. E também é verdade que ela não seu crescimento não está somente ligado à questão da segurança. É fruto principalmente da gigantesca desigualdade social que temos em nosso país. Nunca é demais lembrar que nesse vergonhoso quesito somos praticamente os campeões mundiais. Mais esse artigo trata da disparada da violência aqui, e nesse caso tem sim como principal responsável o governo estadual, que é afinal é o responsável pela segurança pública no estado.

O governador sequer pode se apropriar da desculpa de que isso se deve a um aumento da miséria provocada pela crise econômica, pois esse crescimento se deu ainda num cenário em que a crise econômica não havia se instalado aqui. Mesmo porque, com o aumento constante da arrecadação do estado, o sucateamento das polícias civil e militar são públicos e notórios.

A falta de efetivo das policias é gritante e o governo tem a cara de pau de dizer que isso não é importante, por investir em tecnologia. Assim, a polícia civil está à beira do colapso por falta de pessoal, e a militar, mesmo após as tão alardeadas novas contratações que sequer foi capaz de repor o número dos policias que no mesmo período se aposentam, não está diferente.

Além do sucateamento, há uma outra questão importante: para que(m) está voltada a polícia. Há uma descarada diferença de policiamento entre os bairros ricos das cidades e de bairros em que moram os trabalhadores. No verão isso também se estende para as praias. Assim, por exemplo, no verão passado o número de policias trabalhando em Balneário Camboriú estava dentro dos parâmetros aceitos internacionalmente como necessários, mas isso se deu em detrimento do resto do estado, onde muitas regiões ficam totalmente ao abandono.

Também não falta policiamento para eventos que interessem aos empresários. O caso do encontro da Fifa, realizado no Costão do Santinho, foi emblemático. O contingente deslocado para esse evento foi tão impressionante, que revoltou a população local tão carente de policiamento regular.

Também é incrível a quantidade de policiais que são enviados para reprimirem os trabalhadores e a juventude em suas lutas. Isso se dá em todas as greves de trabalhadores e em manifestações da juventude, por mais pacificas que sejam. Ocorreram casos em que, para uma pequena passeata de estudantes contra o aumento das passagens de ônibus, foi deslocado um efetivo de quinhentos homens.

Esta repressão é, na maioria das vezes, feita de forma covarde agressiva, utilizando até mesmo a cavalaria para melhor subjugar aqueles que se utilizam de um direito constitucional: o de manifestação. Aliás, cabe questionar que papel tem a cavalaria da polícia militar para além de reprimir nossas manifestações? Ela pouco é utilizada para o patrulhamento regular e tem um alto custo de manutenção.

Há ainda outro fator decisivo para esse fracasso total da política de segurança pública do governo Colombo: é que esta prioriza o combate ao tráfico de drogas. A criminalização das drogas é uma questão nacional e que, portanto, não é da alçada do governo estadual. No entanto, a orientação de trabalho que a polícia tem em relação a isso é responsabilidade do governo Colombo. E este, como todo bom conservador, prefere dar total prioridade às mediáticas apreensões de droga e aos tiroteios com traficante, na maioria das vezes em meio a população civil, que nada tem a ver com isso, do que a preservar a vidas das pessoas, ou defender a população dos assaltos.

A polícia dedica boa parte de seu trabalho em reprimir o tráfico, coisa que em todo o mundo se demonstrou totalmente ineficiente. Não só as drogas continuam rolando soltas, como ainda, essa repressão só serve para encher as prisões de jovens, que tem ai uma verdadeira escola para o crime. Enfim, é amplamente conhecido o fato de que o tráfico de drogas mata mais do que as drogas em si. Pior, mata quem não tem nada há haver com a coisa.

Essa situação pode ainda piorar se concretizada a redução da maioridade penal, pois o tráfico vai recorrer cada vez a crianças mais jovens para burlar a nova legislação. São medidas que tentam apagar a fogueira jogando gasolina. Elas acabam tendo forte apoio popular pele desespero em que vive a população com a violência e, principalmente, pela manipulação que a grande imprensa burguesa promove sobre esse tema.

Para mudar essa situação é preciso, em primeiro lugar, a desmilitarização da polícia, com a criação de uma polícia única, que seja controlada pela população trabalhadora. Que tenha seus “chefes” eleitos pelos trabalhadores (hoje são indicados por interesses políticos do governo). Também é preciso que os trabalhadores da segurança tenham assegurados seus direitos sindicais como o dos outros trabalhadores.

É urgente:
  • O aumento do número de policiais através de concurso publico. Dinheiro para isso tem!;
  • A criação de delegacias das mulheres em todas as cidades, com assistência jurídica, psicológica e policial, se necessário.
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Leia também:
Legalizar as drogas para combater o tráfico;
Crise na segurança pública catarinense expôs a falência da política do estado;
ATENTADOS EM SC: a falência da política de segurança pública do governo Raimundo Colombo;
Nota da direção estadual do PSTU sobre os atentados em Santa Catarina;
Na guerra entre o tráfico e a polícia quem perde são os trabalhadores e a juventude;
Sobre a morte do surfista Ricardinho: quantos jovens mais teremos que perder?;
Segurança no campus da UFSC: qual a saída?;
Economia catarinense desacelera e marca entrada da crise no Estado.




Comentários

  1. Imagem extraída da seguinte matéria, do DC:
    http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/policia/noticia/2015/06/quadrilha-faz-o-quinto-ataque-a-banco-apos-dominar-a-pm-no-interior-de-sc-4790894.html

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