Campus da UFSC começa a ser cercado essa semana causando surpresa a comunidade universitaria

Por Vitor Xuxa, militante do PSTU e estudante de história

Portões estão sendo instalados nos acessos principais do campus

No dia 24 de julho a reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC começou o processo de cercamento do campus do bairro da Trindade.  Foram instalados portões nas três entradas do campus, que serão utilizados para impedir inicialmente a circulação de veículos das 23h às 6h. Sem um debate ou consulta prévia a comunidade universitária, a reitoria argumenta que a medida é para garantir a segurança na universidade. O Diretório Central dos Estudantes – DCE faz pouco caso da situação, pois até o momento nada fez.

O debate sobre segurança tem sido central na UFSC no último ano, pois os casos de violência aumentaram nesse período e/ou são mais noticiados. A realidade é que a violência na sociedade tem aumentado também, com o aprofundamento de desigualdades sociais e do pouco investimento em áreas como educação, saúde e trabalho. A universidade não é uma bolha e não ficará imune a esta realidade, ao contrário, os casos no interior da UFSC são um reflexo da situação de desigualdades na sociedade.

Desde o início de sua gestão, a reitora Roselane Neckel tem demonstrado ser a favor do cercamento do campus, com instalação de câmeras de monitoramento e aumento da guarda universitária terceirizada, assim como tem autorizado a presença da Polícia Militar na universidade. Até o momento não realizou nenhum debate sobre segurança ou alguma medida efetiva que tranquilizasse a comunidade universitária. No primeiro semestre de 2013, um abaixo-assinado organizado pelo Coletivo Feminista Somos Pagu coletou mais de 2.000 assinaturas pedindo o aumento da iluminação na UFSC. A reitora tomou conhecimento do pedido e chegou a assinar a campanha, mas até agora nada foi solucionado. Vamos começar novamente o semestre com muita insegurança no campus, principalmente à noite.

No entanto, o que mais surpreendeu foi à medida autoritária de instalar portões nas entradas e cercar parte do campus. Na campanha da eleição para a reitoria, um dos princípios da atual gestão era o dialogo, porém não é isso que vem ocorrendo. Em entrevista ao Diário Catarinense, a reitora Roselane afirmou que “não iniciaria o processo de cercamento e controle de acesso sem a consulta da comunidade interna”. Oras, se a instalação do portão já foi feita, representa o inicio do processo de cercamento, então a afirmação da reitora não tem validade e só confunde o conjunto da comunidade universitária.

Essa confusão se soma ao fato dos portões serem instalados no recesso de meio de ano. Um momento que a grande maioria dos estudantes não circula pela universidade e muitos estão em outras cidades. O papel do DCE deveria ser de articulador e organizador dos estudantes, para que questionassem essa medida. Contudo, a única atitude da gestão foi uma entrevista ao Diário Catarinense. Entendemos que estamos nas férias, mas faltam duas semanas para começar as aulas e nenhuma reunião entre os Centros Acadêmicos – CA’s presentes ou uma nota se posicionando sobre o assunto foi realizada.

Nós da Juventude do PSTU nos posicionamos contrários ao cercamento da universidade  e o autoritarismo da reitoria instalando os portões sem nenhum debate prévio. Acreditamos que é necessário um debate com a comunidade universitária antes de qualquer medida da reitoria. Defendemos que a reitoria invista sim na segurança do campus, aumentando a iluminação e abertura de concurso público para guarda universitária e desmilitarizada, e, sobretudo, sem portões e/ou cercas que impeçam a circulação da população. Uma universidade com função de solucionar os problemas da sociedade não pode se fechar para a mesma, ao contrário, deve responder as demandas sociais.