Precisamos escolher entre Dilma e Aécio? Por que o PSTU defende o voto nulo
Esse ano os trabalhadores estão
acompanhando uma dura disputa pelo cargo da presidência da República. No
segundo turno, Aécio denuncia que o governo do PT é corrupto e usa o exemplo da
Petrobrás e outros mais. Dilma, por sua vez, não deixa barato, devolve a
acusação para os governos do PSDB e usa como exemplo o caso dos trens de São
Paulo e etc. Dilma reivindica suas “conquistas” no governo federal e é
questionada por Aécio. Aécio reivindica as suas “conquistas” em Minas Gerais
quando governou e é questionado por Dilma. Na esteira das grandes manifestações
de junho de 2013 os dois brigam para ver quem fará mais “mudanças”.
No meio desse tiroteio está o
povo jovem e trabalhador. Olhamos para
nossa vida real e vemos que seja com o PT ou com o PSDB ou com um de seus
aliados, nem o desemprego, nem os baixos salários, nem as privatizações deixarão
de serem ameaças sérias. Entra governo e sai governo, mas a precariedade dos
serviços públicos continua, assim como a criminalização daqueles que ousam
lutar contra o desmonte da saúde, da educação, do transporte.
Dentro desse cenário, o mais
comum seria que escolhêssemos dentre um dos dois lados: se a briga é grande,
algo grande está em jogo. Isso parece uma escolha lógica, mas não tiremos
conclusões apressadas.
Votar no "mal menor"
Muitos trabalhadores nos dizem:
“alguém vai vencer, então, que seja o 'menos pior'”. Essa é a principal justificativa
para fazer o “voto útil” em Dilma. Mas existe mesmo um “menos pior” ou um
"mal menor"?
Comecemos a conversa lembrando: o PT privatizou muito. O PT fez a reforma da previdência em 2003, e hoje muitos trabalhadores não tem mais direito a aposentadoria integral, a menos que paguem um fundo privado. Privatizou os Campos de Libra, grandes reservas nacionais de petróleo. Privatizou portos, aeroportos e hospitais universitários, que constituem a maior rede de hospitais públicos do país, impondo a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares nas universidades. Na educação, programas como o FIES, o PRONATEC e o PROUNI aumentaram os lucros dos empresários, ao invés de servirem como investimento nas escolas e universidades públicas. Os Correios deixaram de ser uma empresa estatal para se tornarem uma sociedade anônima, onde é permitido capital privado na compra das ações. Na Petrobrás e no Banco do Brasil houve o crescimento do capital privado e internacional no controle das empresas. Em todo setor público, as terceirizações e parcerias público-privadas bateram recordes! Não por um acaso hoje Bresser-Pereira, um dos mentores intelectuais e políticos das privatizações nos governos de FHC e um dos fundadores do PSDB, está engajado na reeleição de Dilma e pela derrota eleitoral de Aécio Neves.
Em seu discurso o PT diz ter como
centro combater a violência. Mas com certeza os trabalhadores e estudantes que
foram as ruas em junho e em todas as outras manifestações que ocorreram durante
o ano, não irão concordar com esse argumento. O governo federal colocou o
exército na rua para combater com violência quem lutava por direitos. Na USFC,
a polícia federal e militar invadiu o campus, ferindo a autonomia
universitária; ameaçaram, prenderam estudantes e processaram criminalmente
todos aqueles que se colocaram contrários a sua ação. Essa ação não foi sequer
questionada pelo governo federal do PT, que é o responsável pela polícia.
Além da violência contra os
movimentos estudantis, sindicais e sociais, somos recordistas mundiais em
assassinatos motivados por homofobia. Ao invés de criminalizar a homofobia,
Dilma deu a presidência da comissão de direitos humanos da Câmara para Marcos
Feliciano, que ficou famoso juntamente com Bolsonaro por suas declarações
criminosas contra as mulheres, negros e LGBT’s. A Lei Maria da Penha é
insuficiente. O governo não envia verbas para a sua aplicação concreta, como
pro exemplo, a construção de casas abrigos e mais creches. A juventude negra
continua sendo exterminada nas periferias, sendo cada caso mais um entre tantos
Amarildos, Cláudias, DG’s.
Quilombolas, indígenas e
lideranças do campo continuam sendo perseguidos e assassinados, aumentando
inclusive o número de casos nesses 12 anos de governo petista. As Reformas
Agrária e Urbana nunca saíram do papel. No país do “Minha Casa Minha Vida” as
construtoras lucraram como nunca e continuamos a ter quase 7 milhões de
famílias sem teto.
Apesar do discurso que a vida do pobre está melhor, as desigualdades sociais não diminuíram no país. Um recente estudo da Unb, mostra que entre 2006 e 2012 os 1% mais ricos abocanharam 28% de todos os ganhos do crescimento econômico que houve no último período. Os programas sociais do governo tiveram somente uma migalha de tudo que foi arrecadado de riqueza, e apenas administram a pobreza ao invés de criarem bases econômicas para a sua superação, seguindo a cartilha do Banco Mundial.
Nunca grandes empresários,
banqueiros, madeireiros, empreiteiras, multinacionais, o agronegócio e vários
outros representantes da grande burguesia ganharam tanto dinheiro e foram tão
subsidiados por financiamentos estatais, desonerações fiscais e pagamentos das
dívidas interna e externa (verdadeiras agiotagens). O desemprego que cresce na
indústria assusta, a exemplo do setor automotivo, e nem Lula e nem Dilma foram
capazes de soltar uma medida que garantisse a estabilidade no emprego dos
operários. Os salários são muito baixos e hoje os trabalhadores se endividam
cada vez mais.
Do mensalão ao escândalo da
Petrobras, a corrupção não deixou de ser uma realidade nos governos do PT.
Votar hoje no PT não significa nem mais ser contra a direita, pois este está
aliado com Sarney, Collor, Maluf, Renam Calheiros e tantos outros, defendendo o
mesmo programa.
Por fim, tanto Lula quanto Dilma
enviaram tropas brasileiras para garantir uma ocupação criminosa no Haiti. O
país mais pobre das Américas foi ocupado em 2004 pelo presidente americano
George Bush, e quando foi necessário que os EUA se retirassem para enviarem as
tropas para o oriente médio, o Brasil foi socorre-lo, enviando tropas
nacionais. Uma vergonha para nossa história colaborar com essa intervenção
militar em um país independente que sofre mais do que nenhum outro na América.
Hoje, os haitianos estão piores do que no início da ocupação, e são cada vez
mais explorados por multinacionais que se instalam no país pelo custo da mão de
obra ser mínimo. Tendo tudo isso em vista, será
que podemos continuar falando em um "mal menor"?
Sobre o "voto de castigo"
Fruto do desgaste dos governos do
PT, existe um setor dos trabalhadores que quer votar Aécio, mesmo sabendo que
ele é ruim. Queremos também dialogar esse setor que deseja dar um voto de
“castigo em Dilma”, mesmo sabendo que Aécio representa interesses muito
diversos dos trabalhadores.
Os mais velhos lembrarão o que
significou o governo federal do PSDB. Empresas públicas importantes como a Vale
do Rio Doce, e a Companhia Siderúrgica Nacional foram privatizadas. Grandes escândalos de corrupção. Professores e
funcionários públicos sendo destratados, chamados de vagabundos, perdendo
vários direitos conquistados com muita luta. Sucateamento da educação e da
saúde.
Os governos de Aécio Neves e
Anastasia, em Minas Gerais, ambos do PSDB, são governos onde a brutalidade e a
violência policial são a única resposta às demandas dos trabalhadores, do povo
pobre e da juventude. Hoje vemos toda a irresponsabilidade do PSDB ao condenar
a população de São Paulo a mais séria crise de desabastecimento de água devido
a privatização da SABESP e a falta de investimentos no setor.
Por tudo isso Aécio Neves,
representante direto dos bancos e das grandes empresas, não é e nem nunca será
uma alternativa para os que querem mudanças de verdade. Nesse momento é que
também vem à tona a falsa proposta de Marina Silva de “nova política” e de
“alternativa a velha polarização PSDB x PT”, ao se aliar sem qualquer
constrangimento com Aécio no segundo turno. Votando em Aécio serão os
trabalhadores e a juventude os maiores castigados, e não o PT.
Então, qual a saída?
Para o PSTU é necessário
fortalecer um terceiro campo, votando nulo e preparando as lutas para o próximo
período.
Com a crise econômica que está
por vir, as coisas só tendem a piorar. A inflação já está aumentando, o dólar subindo,
o desemprego começa a surgir novamente na indústria. Passada as eleições,
acabarão as promessas e sobrará o gosto amargo das medidas impopulares que o
próximo governo terá que aplicar para satisfazer os grandes empresários. Ganhe
quem ganhar, teremos aumentos na conta de luz, no combustível e nos
transportes. Virão cortes de gastos na saúde e na educação.
É necessário preparar a luta dos
trabalhadores em defesa de seus direitos. É necessário construir um terceiro
campo, alternativo ao PT e ao PSDB. Os trabalhadores e a juventude não têm
apenas como opção o voto em Dilma ou em Aécio. Podem votar nulo. É este voto que vai fortalecer nossas lutas
no próximo período. Votar em Dilma ou Aécio significa apoiar um desses
projetos, ou melhor, apoiar o mesmo projeto. Por isso, nós do PSTU chamamos os trabalhadores e a juventude a votarem
nulo.
Nesse sentido polemizamos também
com outros setores da esquerda, como o PSOL, que hoje chamam voto no governo
Dilma. As figuras públicas principais do PSOL chegaram a gravar comerciais em
apoio a Dilma e ao PT. Chamamos desde já todos os companheiros que hoje
preferem votar criticamente em Dilma a cerrarmos fileiras nas lutas que teremos
pela frente, ganhe quem ganhar as eleições.
Mas não podemos deixar de explicitar que a posição de fortalecer Dilma
votando no PT, é a posição de se colocar na contramão de uma rica experiência
política que fazem setores amplos da juventude e dos trabalhadores que rompem
com o governo. Apoiar o PT é deixar de mão beijada ao PSDB a oposição à atual
situação social e política do país, sendo que nós temos a tarefa de construir
uma oposição de esquerda.
A Reeleição de Colombo em Santa Catarina
Não podemos deixar de mencionar a
reeleição do governador Colombo. Também tivemos a eleição de Dário Berger ao
Senado Federal e de uma importante bancada de deputados federais e estaduais da
chapa do governador reeleito. Muitos podem ficar chocados com o resultado das
urnas no estado, mas é importante lembrar que não se elegeram em base em
comícios populares, e sim, com a força do aparelho do estado e do poder econômico
das grandes empresas que financiaram suas campanhas. O povo votou com muita
desconfiança nessas eleições, e o alto índice de votos nulos, brancos e
abstenções é uma importante demonstração disso.
Mas o decisivo para que Colombo
conseguisse a vitória no primeiro turno foi o conjunto da população
trabalhadora não ver nas outras chapas uma alternativa real a chapa da
situação. Nem Bauer do PSDB, nem Vignatti do PT representaram uma mudança de
fato, ainda mais com a confusão de Dilma estar apoiando Colombo ao invés de
Vignatti, e a própria candidatura dele ser tímida em relação a oposição ao
governo do estado.
Para ajudar Colombo a se reeleger, Dilma contribuiu com nada mais nada menos que a quantia de R$ 9 bilhões de recursos ao estado, e depois, em campanha em Florianópolis, disse a vitória de Colombo foi “mais do que merecido”.
O PSTU apresentou candidaturas classistas e socialistas
A candidatura do companheiro Zé
Maria à presidência e as demais candidaturas do PSTU de norte a sul do Brasil, representaram
uma campanha eleitoral a serviço das lutas dos trabalhadores e da construção de
uma estratégia de transformação socialista para o nosso país.
Debatemos a necessidade de um
governo dos trabalhadores, sem patrões, para fazermos as mudanças que o país
precisa. Abrimos caminho para o fortalecimento do PSTU no operariado e
avançamos na construção de lideranças políticas em vários estados.
A votação de Gilmar Salgado ao
governo do estado, de Rosane de Souza ao senado e de Gabriela Santetti à
deputada federal, mostraram que é possível apresentar aos trabalhadores e a
juventude uma proposta socialista e classista, mesmo com toda legislação
antidemocrática das eleições, que concede tempos de TV e rádio extremamente
desiguais e o boicote da grande mídia.
O PSTU não atua só nas eleições,
nossa luta é todo dia, nas greves, ocupações e manifestações dos trabalhadores
e da juventude. Por isso, o PSTU
agradece o apoio e os votos recebidos e chama você a construir conosco essa
ferramenta de luta.
Não Basta Derrotar Aécio, Dilma também não Governa para os
Trabalhadores.
Vote Nulo dessa Vez!
Venha para o PSTU! Filie-se!
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