Coluna CULTURAL 12 - 12 a 19/02



Arestas

O fotógrafo Pedro Alípio expõe GRATUITAMENTE seu trabalho mais autoral, fruto de pesquisas e vivências em vários lugares para onde viajou entre 2010 e 2012, como o Tibet, a Tailândia e Myanmar. Conhecido por seus registros com artistas da cidade, como Rodrigo de Haro e Pléticos, entre outros, há cerca de 5 anos ele estuda Miksang - termo tibetano que significa “o bom olho”. Trata-se de uma fotografia contemplativa, sensível, uma filosofia da imagem diretamente ligada à fotografia e à meditação.

Para esta exposição foram selecionadas 16 imagens, todas inéditas. São 13 fotos no tamanho 60 x 40cm e mais três com 80 x 60cm de dimensão. A visitação será de 09 até 18 de Fevereiro.

LOCAL: Sítio Arte Educação Coworking. Rua Francisca Luiza Vieira, 53 - Lagoa da Conceição.


Cineclube BADESC apresenta OUTRA MEMÓRIA,

A sensação após o fim da exibição de Outra Memória (2006) é a de ter visto um filme ruim e arrastado. Mas julgar a produção dessa maneira, precipitadamente, pode ser um ato impiedoso demais. Afinal, o cinema não é um instrumento apenas para o entretenimento e diversão, mas também para a cultura e a educação. Ao entender essa prerrogativa, o filme de Chico Faganello salva-se do desastre completo. O fato é que, além da história em tom educativo e as imagens antigas recuperadas do Arquivo Histórico de Blumenau, não há mais nada que possa chamar a atenção do público. 

Para compreender as particularidades do filme é preciso saber que a idealizadora do longa-metragem é a Faganello Comunicações, produtora independente de Santa Catarina dedicada a projetos audiovisuais de caráter artístico, educativo e cultural, que difunde suas obras em circuitos alternativos, escolas da rede pública catarinense e cidades onde não existem cinemas. Com essa postura de caráter social, a produtora merece reconhecimento. Além disso, Outra Memória restaura uma parte da história de Blumenau ao contar a jornada da atriz Edith Gaertner, imigrante alemã que abandonou os palcos europeus para se refugiar na região sul do Brasil. Ao longo das pesquisas, o projeto do diretor e roteirista Faganello se transformou em uma narrativa sobre as partes ocultas da colonização branca no Vale do Itajaí - que ele decidiu contar misturando ficção e documentário. 

Tudo começa quando um diretor de teatro resolve montar uma peça sobre uma importante atriz, mostrando sua trajetória e, ao mesmo tempo, mesclando momentos essenciais da colonização alemã no século 19. Para viver a protagonista é chamada uma atriz da região, mas que esteve fora do país por muito tempo. O ator que interpreta o colonizador tenta convencer o diretor que ele deve ser o personagem principal, levando em consideração que é preciso apresentar a verdadeira história da região e trazer à tona cenas sobre extermínio de índios e nazismo, temas ainda hoje evitados naquela parte do Brasil. 

Em conversas e tentativas de ensaios, os atores encarnam seus personagens e defendem suas perspectivas em relação ao que deve ou não ser tratado na peça. E é aí que o diretor de Outra Memória une realidade e ficção, intercalando as imagens históricas da década de 20 com a narração daquilo que cada personagem entende ser o tema principal do espetáculo.

Então vem o famoso "se". Tudo isso poderia funcionar bem SE não houvesse tanta confusão. Uma delas, a mais perturbadora, é a tentativa de Chico Faganello em traçar um paralelo entre a vida dos personagens reais e seus respectivos intérpretes no teatro. Quando passam a falar sobre os personagens em primeira pessoa, muitas vezes não fica claro se estão discorrendo sobre si mesmos ou sobre a figura que representam, já que as histórias se confundem - como a da atriz principal e a verdadeira Edith Gaertner, ambas retornadas ao Brasil depois de muito tempo atuando na Europa. Provavelmente deve ter sido realmente essa a intenção do diretor, mas muitas das metáforas ficam perdidas, sem sentido, e o que era para ser didático e despertar curiosidade pode causar o distanciamento do público.

Por fim, de tanto misturar, Outra Memória passa a frustração de não ter sequer chegado próximo de capturar a profundidade de fatos históricos relevantes com coerência e a devida importância - como a participação brasileira no nazismo ou a violência da colonização alemã no sul. Faganello ousou demais ao tentar organizar as informações com as imagens raras de arquivo. Porém, ironicamente, em vez de pecar pela tentativa errada de grandiosidade, deixou o filme com um "jeitão" amador. Pena?

A sessão será hoje, dia 12/02, às 19 horas, na Fundação Cultural Badesc, à rua Visconde d'Ouro Preto, no centro da cidade.


Rádio Célula Showcase


A casa noturna Célula Showcase (antiga Célula Cultural Mané Paulo), localizada no bairro João Paulo, às margens da SC 401, criou uma rádio (#rádiocélula) na internet. A ideia, segundo informações, é difundir entre os internautas clássicos e revelações da MPB. Nesta semana de carnaval, uma seleção especial de bons sambas, com os mestres e com o balanço do ritmo mais brasileiro. Vale a pena conferir.




Graffiti - ARTE Urbana em Florianópolis


Há no facebook uma página destinada à exposição de grafittis espalhados pela cidade de Florianópolis. São dezenas de belas imagens de paredes grafitadas por toda a cidade, com o título da obra, bem como os créditos para @(s) artista(s). Para quem não conhece, vale a pena visitar.



Sugestão de leitura: O DIA EM QUE MARX ME VISITOU, de Diego Braga

Escrito sob os auspícios do levante brasileiro de junho de 2013, "O dia em que Karl Marx me visitou" dialoga com o empenho que anima todos os levantes e revoluções, antevendo seus horizontes, celebrando seus avanços e lamentando seus percalços. Em seu sexto livro, Diego Braga assinala com rigor de analista e sensibilidade de poeta o encontro da política com a poesia em uma perspectiva capaz de fornecer quadros amplos históricos e sociais, mas também explorar os desvãos mais íntimos da vida política como experiência pessoal. Uma leitura para inspirar os que lutam ou querem lutar por um mundo novo, realmente livre para todos.

Assim se resumo os versos do poeta: uma poética tecida no combate contra a tirania, pelo socialismo, contra as opressões, em nome da liberdade, animada pelos saltos revolucionários rumo à "utopia" e apoiada no chão firme da realidade. Poética realizada sem que tais bandeiras algemem a poesia às ideias, pois a gratuidade criativa comparece justamente como força propulsora do sonho revolucionário e como sua finalidade.

As referências contingenciais à luta em poemas como "Ucrânia" e "Cadê o Amarildo", não restringem o sentido desta poesia a um aqui e agora, pois seu tratamento magistral pelo poeta faz delas portas abertas, da contingência para a história, das ruas para o globo sem fronteiras.

A poesia de Diego Braga nos mostra que, dentre outros, o privilégio da cultura é que é uma contingência histórica e social por cujo fim deve se engajar toda a arte digna do nome. O poeta reconhece: não é com versos que virá a vitória, mas afirma, com este primoroso livro: nem por isso devemos deixar o terreno da poesia entregue aos inimigos da arte, que são os mesmos indivíduos da liberdade, da igualdade e da justiça.

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