Repúdio à Utilização de Acusações Morais em Disputas Políticas
A realidade hoje das mulheres, em
especial, das mulheres da periferia, negras e trabalhadoras chega à barbárie sob o capitalismo. Os salários são menores para uma mesma função, os empregos
mais precários e existe a múltipla jornada de trabalho. Não existe serviço
público adequado e o grande alvo dos planos de ajuste fiscal dos governos
normalmente são as mulheres trabalhadoras. A violência cotidiana toma forma com
as grosserias, assédios, a diminuição do papel da mulher e chega ao extremo da
violência sexual e a morte. Essa opressão existe em todos os lugares: em casa,
no trabalho, na rua e até nas organizações da classe trabalhadora.
Assim é a opressão em nossa
sociedade. Ela surge quando as diferenças naturais entre os seres humanos, como
o sexo biológico, a cor da pele ou a orientação sexual, são aproveitadas para
serem transformadas em desigualdades sociais. Mas só isso não basta para a
opressão se enraizar na sociedade. Junto existe toda uma construção social e
ideológica que procura naturalizar a violência e a humilhação cotidianas
sofridas por um determinado grupo na sociedade. No caso do machismo, o alvo são
as mulheres.
Por que Repudiamos os Métodos de Utilização de Acusações Morais em
Disputas Políticas?
A luta contra a opressão machista não
é e não pode ser uma questão menor e de modo algum pode ser instrumentalizada
por grupos políticos.
Porém, infelizmente, na categoria de
professoras e professores da rede estadual, a direção do SINTE SC, composta
majoritariamente pela CUT e pelo PT vem se utilizando de maneira oportunista de
uma acusação de machismo publicada em rede social contra um militante de nossa
organização. Não queremos esconder ou acobertar qualquer atitude machista que
um militante nosso ou do movimento sindical da categoria possa ter. Justamente
por isso diante de uma acusação dessa natureza queremos que seja investigada
com toda seriedade e tem que ser ouvido todos os lados para que se possa tomar
uma decisão com base no que de fato aconteceu e não com base em interesses políticos.
O que propõe a CUT e o PT diante da
situação? A expulsão sumária de um companheiro do sindicato com trajetória
histórica na categoria em defesa da luta contra as opressões e sem qualquer
direito de defesa ou debate aprofundado do caso. Não querem que a categoria
cresça, as mulheres se fortaleçam no debate político e nem ganhar os homens
para a luta contra o machismo. Querem simplesmente a eliminação de um
adversário político e a tentativa de desmoralização de toda uma organização de
lutadoras e lutadores. O machismo está em toda a sociedade e deve ser
combatido, inclusive nos homens da nossa organização. Mas o que defende o PT e
a CUT é a pura instrumentalização da luta contra o machismo, ou seja, canalizar
ela para seus próprios interesses de se perpetuar na direção do sindicato e não
de fato combater o machismo.
Historicamente, temos um péssimo
exemplo do que significou esse método de disputa política com base em acusações
morais. O stalinismo trouxe para as fileiras da classe trabalhadora o método de
misturar acusações morais com disputas políticas. Fossem reais ou inventados os
problemas morais de seus adversários políticos ou ex-aliados o estalinismo os
utilizava somente para desacreditá-los quanto estes questionavam a linha
política das direções dos partidos estalinistas ou representavam alguma ameaça.
Buscavam manchar aquilo que é mais caro para todo revolucionário ou lutador
honesto: sua moral. O debate moral para o estalinismo estava a serviço de sua
própria preservação nos aparelhos burocráticos que dirigia e nada mais
importava. Como patrimônio desse tipo de enfrentamento político e metodológico
com o estalinismo temos uma comissão de moral dentro do partido para analisar
denúncias e casos que envolvam a moral revolucionária de nossos militantes e dar os encaminhamentos necessários sem
misturar com os debates e posições políticas que possam existir e assim
defendemos que no movimento da classe trabalhadora tratemos os problemas morais separando-os das disputas políticas.
Sempre combatemos e sempre vamos
continuar a combater o machismo dentro e fora da nossa organização. Mas não
vamos aceitar que organizações como o PT e a CUT que apoiaram ataques contra a
classe trabalhadora, em especial contra as mulheres da classe trabalhadora, a
exemplo do que foram as diversas reformas da previdência realizadas por Lula e
Dilma e seus cortes de verbas para os programas governamentais contra as
opressões, agora instrumentalizem a luta. Ao procederem dessa forma a CUT e o
PT prestam mais um desserviço para a classe trabalhadora e sem dúvida alguma
para a luta contra o machismo.
Aprofundando o Debate sobre como Acreditamos que Devemos Combater o
Machismo
O agente da opressão machista é o
homem e toda atitude machista deve ser combatida sem concessões. Mas é
importante que compreendamos que o grande beneficiado da opressão machista é a
classe burguesa que se utiliza desta ideologia para seus interesses. O machismo
é um grande auxiliar da burguesia principalmente porque é uma ideologia que divide a classe
trabalhadora para lutar e ajuda a superexplorar um setor dela. Ao fazer isso força também
um aumento da exploração de conjunto dos homens e mulheres da classe trabalhadora.
Uma luta consequente contra a
opressão machista e qualquer outro tipo de opressão só pode se dar combinando a
luta contra a opressão com a luta contra a exploração, combatendo o machismo
que existe dentro da sociedade e em nossa classe para poder uní-la contra o
inimigo comum. Conclamamos todos os lutadores e lutadoras a cerrarem fileiras
na luta contra as opressões e contra os métodos nefastos e oportunistas da CUT
e do PT.
PSTU – 27/03/2017
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