Plenária da UFSC em defesa do governo Dilma/PT: Por que não vamos?




Por que não vamos no ato em defesa do governo Dilma/PT

O PSTU vem a público manifestar que não estará presente na plenária “UFSC contra o golpe e pela democracia” que acontecerá neste dia 22 de março. Queremos aqui explicar nossa posição e
dialogar sobre os rumos da esquerda e dos movimentos sociais no Brasil. Achamos que diante da atual crise política em que se encontra o país trata-se de um equívoco se colocar na defesa de Dilma e do PT.  Acreditamos que precisamos afirmar uma posição independente do governo do PT e da oposição de direita liderada pelo PSDB e, construir uma alternativa que represente de fato os interesses dos trabalhadores e da juventude.

Dilma e o PT não governaram para os trabalhadores e a juventude

Os governos de Lula e de Dilma nesses últimos 13 anos atacaram duramente os interesses dos  trabalhadores e da juventude. Governaram para os ricos e poderosos. Foram uma continuidade dos governos FHC do PSDB.

Nas universidades públicas fortaleceram as fundações privadas, cortaram verbas ao primeiro sinal de crise, privilegiaram o ensino pago e mantiveram a mesma postura autoritária que sempre marcou a condução das políticas educacionais no país, a começar pela imposição de sua reforma universitária majoritariamente por meio de decretos e medidas provisórias. O resultado vemos agora com o aumento da precarização, da falta de permanência estudantil, da privatização e sem qualquer democratização na estrutura de funcionamento das universidades brasileiras.

Lula para resguardar os interesses do imperialismo na América Latina liderou uma tropa de ocupação no Haiti, um país negro, a pedido do governo norte-americano e das multinacionais que lá queriam se instalar. Durante os governos de Lula e Dilma o agronegócio se expandiu ao custo do assassinato de inúmeras lideranças de luta dos trabalhadores agrícolas, quilombolas e indígenas e do roubo de suas terras. Lula chegou a chamar os usineiros de "heróis nacionais" e Dilma chamou a ruralista Katia Abreu para compor seu governo.

Cresceu a repressão do estado ao ponto do exército invadir comunidades de periferia no Rio de Janeiro, da lei ser mudada no país durante a Copa do Mundo para reprimir manifestações e dos setores mais  reacionários se sentirem a vontade para promover a redução da maioridade penal, ao custo do aumento da morte da juventude negra das periferias.

Os bancos e grandes empresas nunca lucraram tanto, e se durante o crescimento econômico a classe trabalhadora não teve sua parte no bolo, agora com a crise perdem os empregos e sofrem com a alta da inflação. A homofobia não virou crime e o kit anti-homofobia virou peça de barganha nas mãos do governo diante dos setores mais reacionários. Não existiu verbas para as casas abrigo e delegacias de mulheres e agora o governo Dilma fala em fazer uma reforma da previdência que iguala idade de aposentadoria de homens e mulheres, ignorando a múltipla jornada delas.Como se fosse pouco, Dilma se aliou a José Serra do PSDB para aprovar a privatizacao completa do pré-sal brasileiro, golpeando a soberania do país.

Impeachment não é a solução

Hoje está a pleno vapor o processo de impeachment no CongressoNacional e o debate também ganha as ruas. Entre aqueles que estão contra Dilma e pelo impeachment temos o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).  Em defesa de Dilma e contra o impeachment temos o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e o senador Fernando Collor (ex-PTB-AL).

Todos eles notórios  corruptos, identificados com os ricos e poderosos do país e até com ligações com o período da ditadura militar. Dão uma amostra de que nessa disputa o que menos vai importar serão os interesses dos trabalhadores e da juventude. O impeachment é uma falsa saída onde a burguesia troca seis por meia dúzia enquanto nada muda na política econômica.

Defender o mandato de Dilma e do PT é defender a democracia?

A estratégia de Dilma, de Lula e do PT para evitar o impeachment já está dado: vão atacar mais ainda os interesses da juventude e dos trabalhadores, enquanto falam em luta "contra o golpe" e "pela democracia". O governo federal já apresentou seu novo projeto de reforma fiscal. Nada mais é do que a radicalização do ajuste fiscal e não só na esfera federal. Estão previstos limites severos e permanentes ao gasto público social e com servidores e muitas privatizações em nome do pagamento das dívidas externa e interna aos  banqueiros.

Agora, no dia 17 de março, Dilma sancionou a nova lei antiterrorismo, que é o pior retrocesso em termos de direitos democráticos desde a ditadura militar, pois permite a qualificação de manifestações dos movimentos sociais como terrorismo, prevendo penas de 12 a 30 anos em regime fechado. Um grande golpe contra os direitos de liberdade de manifestação e de organização e uma antecipação às lutas contra seu amargo  pacote de medidas.Dilma, Lula e o PT falam em "defesa da democracia" e em "não vai ter golpe" para tentar esconder o verdadeiro golpe: o aprofundamento do ataque aos direitos dos trabalhadores e da juventude. O mesmo programa dos setores pró-impeachment do PMDB e do PSDB.

Fora Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio e esse congresso!

A grande questão hoje é que PT, PSDB, PMDB e demais grandes partidos brigam muito para ver quem governa, mas na hora de atacar os trabalhadores e a juventude se unem. Todos eles têm acordo em aplicar o ajuste fiscal e atacar a soberania nacional, os direitos sociais e os direitos democráticos. Nem na corrupção se diferem. É o sujo falando do mal lavado o tempo todo, sendo todos eles financiados pelas empreiteiras denunciadas na operação lava jato. Brigam hoje para ver quem vai mais atacar nossa classe. Defender Dilma tem tanto haver com defender a democracia, assim como defender Aécio e Cunha que são investigados por inúmeros casos de corrupção tem haver com defender a ética na política. Acreditamos que devemos enfrentar o campo governista liderado pelo PT e o campo oposicionista liderado pelo PSDB nas ruas com mobilizações independentes de nossa classe e da juventude. Essa é a saída.

O PSTU chama os ativistas, entidades e sindicatos a que defendamos diante da atual crise econômica, social e política que saiam todos. Que saia Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio e esse Congresso. Que se realizem novas eleições gerais no país para presidente, governadores, deputados e senadores. Sem financiamento de empresários e banqueiros, com os corruptos não podendo concorrer e com mandatos revogáveis.

Que as centrais sindicais rompam com governos e patrões e atendam ao chamado da CSP-conlutas para construirmos uma greve geral nesse país em defesa do emprego, dos direitos sociais e democráticos, da soberania e contra os cortes de verbas, o desemprego, a lei antiterrorismo e as reformas da previdência e fiscal. Em defesa dos direitos das mulheres, da população negra, dos LGBTs, dos quilombolas e dos indígenas.

É nas ruas que vamos construir uma alternativa e neste processo de mobilização é que podemos construir condições para um verdadeiro governo socialista dos trabalhadores e da juventude, sem corruptos e sem patrões, formado por conselhos populares.

Construir as manifestações do dia 1° de abril

Temos razão em estar indignados com toda essa situação do país. Enquanto amargamos demissões em massa, desemprego, a alta dos preços dos aluguéis, da luz, do transporte e dos alimentos, retirada de direitos e ataques à educação, à saúde, a falta de saneamento básico, de moradia e de amplo direito à cidade, os banqueiros, as grandes empresas e os corruptos ganham rios de dinheiro.Diante de tantas denúncias de corrupção, que atingem Dilma e Lula do PT; Temer , Cunha e Renan do PMDB; Aécio, Alckmin e Fernando Henrique do PSDB e mais de 130 deputados, a maioria do povo reagiu com enorme indignação à nomeação do ex-presidente Lula para ministro do governo.

Não podemos ficar quietos numa situação dessas. Temos que tomar a frente das manifestações, porque não dá para apoiar atos da FIESP ou do PSDB que defendem trocar seis por meia dúzia: sair Dilma pra governar Temer ou Aécio. Também não nos serve participar de manifestações em defesa do “Fica Dilma”, como tem chamado o PT, a CUT, o PCdoB, a UNE, o PSOL, o MTST e a Corrente Comunista Luís Carlos Prestes. A exemplo do ato que vai ser organizado no dia 31 de março em Brasília.

A juventude e a classe trabalhadora precisam tomar as ruas, parar as fábricas, escolas e universidades, cortar estradas para exigir “Fora todos eles”, eleições gerais já, prisão de todos os corruptos e corruptores, mas também o fim das demissões, a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, a suspensão do pagamento da dívida aos banqueiros para que tenha dinheiro para saúde, educação, moradia, saneamento básico. A exemplo do que fizeram os metalúrgicos de São José dos Campos e região que paralisaram fábricas e realizaram um ato com essas reivindicações no último dia 18 de março.

Vamos à luta, já! E também no dia 1º de abril vamos fazer paralisações, trancamento de estradas e manifestações para dar um Basta! Vamos juntos  exigir a derrubada de todos eles, apoiando o chamado da CSP-Conlutas, do Espaço Unidade de Ação e de sindicatos e entidades de luta de todo o país.


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