O PSTU e as manifestações em Florianópolis


Após a votação do impeachment de Dilma Rousseff, aconteceram manifestações em defesa da ex-presidente e contra o suposto golpe, em várias cidades do país. Todas essas manifestações foram marcadas pela dura repressão policial e, em Florianópolis, não foi diferente.


Queremos dizer que repudiamos, totalmente, a repressão policial aos manifestantes que foram às ruas nos últimos dias. Em Florianópolis, a Polícia Militar chegou a cercar entradas da UFSC horas antes do início do ato que seria realizado no centro da cidade, ontem (02/09). Durante o ato, no centro de Florianópolis, a PM lançou bombas de gás lacrimogênio no meio da multidão que estava concentrada numa pequena rua que daria acesso à Av. Mauro Ramos. Como se não bastasse, a PM ainda lançou uma ofensiva à multidão, atirando com balas de borracha para dispersar os manifestantes e utilizando da cavalaria para dispersar o ato.


A PM, mais uma vez, mostrou sua face truculenta reavivando em todos a certeza de que a desmilitarização das Polícias Militares é uma necessidade e que esta instituição está a serviço dos ricos e poderosos.


Contudo, discordamos daqueles que, por esquecimento ou má-fé, dizem que estas repressões acontecem apenas porque Michel Temer é o novo Presidente do país. Afinal, milhares de ativistas foram presos e torturados durante o Governo de Lula e de Dilma ao saírem às ruas em manifestações pelo país. Aliás, é importante lembrar que a Lei Antiterror foi sancionada por Dilma, em abril deste ano e já assistimos o seu uso nos protestos que aconteceram durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro.


Centenas de militantes do PSTU foram presos, de norte a sul do país, e ainda respondem processos na Justiça burguesa simplesmente por lutarem, justamente durante o governo do PT.

Por isso, queremos abrir aqui um diálogo fraterno com todos aqueles que participaram dos atos em Florianópolis. Não nos somamos, até agora, aos atos que aconteceram porque não acreditamos que houve um golpe no país e porque não defenderemos um governo que só atacou os trabalhadores, os negros, as mulheres e os LGBTs.


A tese do golpe foi criada pelo PT para que as organizações de esquerda e os movimentos sociais saíssem em seu socorro. Como não conseguiriam tirar ninguém de suas casas em defesa de Dilma, Lula, Kátia Abreu, Joaquim Levy e cia, o PT convocou atos em “defesa da democracia”... 


Ora, se houve mesmo um golpe, por que o PT não convocou uma Greve Geral para enfrentar o suposto golpe?! Além disso, por que o PT segue aliado com os “golpistas” do PMDB, PSDB, DEM, PRB, PP, PSD, PDT e cia, em mais de mil municípios, nas eleições municipais deste ano?!


O impeachment de Dilma (PT) não provocou mudança alguma no regime político do país, pois continuamos vivendo numa falsa democracia. Ou seja, numa democracia para os ricos e ditadura para os pobres e trabalhadores. E a saída de Dilma só foi possível porque o PT, de tanto atacar os direitos dos trabalhadores e cortar na carne do povo pobre, perdeu o apoio popular que possuía.


Hoje, Michel Temer (PMDB), que fora vice de Dilma, é a aposta da burguesia de continuidade nos ataques aos trabalhadores durante a crise econômica. E sobre isso não pode haver dúvidas: Temer (PMDB) seguirá atacando os direitos dos trabalhadores, das mulheres, dos negros e LGBTs desse país. Por isso, precisamos derrubá-lo!


No entanto, Dilma e o PT ainda não são páginas viradas na história. Os governistas seguem, tentando conduzir a insatisfação popular em defesa de seu governo indefensável, buscando se relocalizar diante da saída da presidência e de iminentes derrotas eleitorais.


O PT quer se disfarçar no meio da multidão de manifestantes como se nada tivesse a ver com a farra da Copa e a dura repressão policial, como se não tivesse nada a ver com a farra das empreiteiras e como se não tivesse vendido os sonhos dos trabalhadores em troca de alianças com Collor, Cunha, Sarney e Calheiros. Não basta dizer que os ratos pularam foram do barco manobrado pelo PT. É preciso perguntar quem pôs os ratos para dentro do barco.


É preciso constatar que a maioria dos trabalhadores e do povo pobre queria a saída de Dilma. Quem não se lembra da declaração de Lula ao dizer que Dilma estava no volume morto, que o PT estava abaixo do volume morto, e ele (Lula) também estava no volume morto?! Uma declaração dada logo após o resultado de uma pesquisa de opinião no ABC paulista revelar que o Governo tinha apenas 7% de aprovação e Dilma tinha 75% de rejeição entre os eleitores do ABC paulista, justamente o berço histórico do próprio PT.


O povo não é bobo e não quer pagar a conta de uma crise que não é sua. Exatamente por isso, é preciso dizer aos companheiros que estamos num momento importante de nosso país. Nós do PSTU somos pela derrubada do Governo Temer. Achamos que seu Governo é mais fraco do que o governo anterior e que podemos derrubá-lo construindo fortes mobilizações por todo o país capazes de colocar seu governo e todos os corruptos com medo e acoados.


Mas, para isso, precisamos construir e massificar atos que sejam realmente contra o Temer, e não em defesa de Dilma e de seu Governo, supostamente “golpeados”. Por isso, nos somaremos aos próximos atos em Florianópolis porque o eixo das convocações, diferentemente de outros lugares do país, tornou-se a derrubada de Temer!


Temos um enorme desafio pela frente. Em Florianópolis, milhares de jovens foram às ruas e enfrentaram bravamente as bombas e balas de borracha da PM. A juventude de Florianópolis já deu inúmeras demonstrações de ousadia e disposição para a luta, colocando os ricos e poderosos da cidade na defensiva.


Mas para derrubar o Governo Temer (PMDB) é preciso que o rio de indignação da juventude deságue no oceano da classe trabalhadora. Só derrotaremos esse governo se os trabalhadores se somarem a essas lutas. E aqui é preciso ser categórico: os trabalhadores não marcharão um só centímetro em atos que acenem para qualquer defesa de Dilma, do seu Governo e, muito menos, do PT!


Nós do PSTU, como a maioria dos trabalhadores, somos pelo fora Temer, mas que Dilma e PT não voltem nunca mais! Defendemos eleições gerais já, com novas regras, e queremos os trabalhadores na rua sim, mas para botar abaixo esse governo e seus ataques. É com esse espírito que iremos, nesta terça-feira (06/09), nos somar aos atos pelo Fora Temer em Florianópolis.

Por fim, queremos dialogar com uma parcela dos ativistas que, indignados com esse sistema e com a repressão policial, incendiaram lixeiras e depredaram estabelecimentos no ato da sexta-feira (02/09), no Centro de Florianópolis. Achamos que esta tática é equivocada, pois facilita a repressão da PM e cria uma hostilidade da população contra as manifestações. A história já mostrou, fartamente, que os trabalhadores e o povo pobre são capazes de ações muito radicalizadas, quando tomadas em conjunto, jamais individualmente.


PSTU Florianópolis.



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