Um debate importante: por que Dilma caiu? O que representa o governo Temer?


Hoje temos um grande debate na esquerda e nos movimentos sociais sobre o que significou a queda do governo Dilma e o que representa o governo Temer.

O PT, com Lula e Dilma, governou o Brasil por pouco mais de 13 anos e tiveram amplo apoio das classes dominantes em âmbito nacional e internacional. Não decepcionaram esses que os apoiaram. Priorizaram os pagamentos das dívidas externa e interna ao destinar mais de 40% do orçamento da União para esses pagamentos, em detrimento das áreas sociais. Lideraram uma ocupação militar no Haiti, a pedido do governo dos EUA. Os direitos dos trabalhadores e liberdades democráticas nunca deixaram de estar na mira, seja em 2003 quando Lula fez sua reforma da previdência ou quando Dilma sancionou a lei antiterrorismo em março deste ano.

Ao mesmo tempo em que atendia prioritariamente os grandes empresários e aos bancos, os governos do PT conseguiram expandir o emprego e o crédito, apoiados num crescimento econômico que durou a maior parte do tempo dos governos petistas. O que deu uma sensação de aumento do bem estar, embora apoiado no aumento de empregos precários e no endividamento das famílias.

A direção do PT se aproveitou disso e alimentou uma falsa polarização nos períodos eleitorais de um suposto antagonismo entre um campo “progressista” encabeçado por ele e seus aliados que abarcava desde a CUT, a UNE e o MST até Kátia Abreu, Collor, Colombo, Sarney e Maluf, contra outro campo defensor de “retrocessos” encabeçado pelo PSDB.

Essa falsa polarização foi seriamente abalada quando entrou em cena o movimento de junho de 2013, que se enfrentou com os governos a nível federal, estadual e municipal. Esse movimento já refletia os custos sociais da desaceleração econômica que começou a tomar conta do país a partir de 2011 e foi aos poucos minando a sensação de aumento do bem-estar. Com junho de 2013 foi dado início a um processo histórico de ruptura com o PT e seu governo.

O estelionato eleitoral de Dilma, em 2014, quando prometeu não mexer nos direitos dos trabalhadores e logo depois quebrou a promessa, somado aos efeitos nefastos da própria crise econômica e da crise política impulsionada pelos escândalos da Lava Jato, minaram de vez a confiança da maioria da classe trabalhadora, em especial do operariado, em Dilma, no PT, no seu governo e até em Lula. Foi amplificado assim um processo de ruptura da classe trabalhadora com o PT.

Por seus erros e pela perda da sua base social o PT sofreu o impeachment no Congresso Nacional. Diante do desgaste do governo Dilma as classes dominantes avaliaram ser mais interessante para ela mudar o governo através do parlamento. O governo Temer, então, nasce de uma tentativa das classes dominantes de dar uma saída para a grave crise econômica, social e política do país. Nasce para dar continuidade aquilo que o PT começou: um amplo ajuste fiscal.

O governo Temer, embora tenha um discurso muito ofensivo, não é um governo mais forte do que o anterior, como mostra sua baixa popularidade. Os manifestantes que tomam cada vez mais as ruas do país para exigir “Fora Temer” sabem disso e cantam “se lutar o Temer cai”. É possível derrubar esse governo junto desse Congresso Nacional corrupto com a unificação da luta da juventude com a classe trabalhadora numa grande greve geral contra Temer, esse Congresso Nacional e suas medidas.

A direção do PT, junto da CUT, sem fazer qualquer autocrítica de suas alianças e políticas optou pela narrativa do "golpe" para explicar sua própria ruína, onde a queda de Dilma seria um "golpe". Com isso pretendem reeditar a velha polarização meramente eleitoral "PTxPSDB". Agora na versão "golpistas X não golpistas", preparando terreno para uma futura eleição presidencial de Lula em 2018.

A direção do PT procura, desse modo, disseminar a ideia de que defender seu mandato é defender a democracia.  É um discurso útil para a direção do PT por esconder seus próprios erros e para tentar preparar sua volta nas eleições de 2018. Nada deixa mais evidente a falácia da narrativa do “golpe” do que as coligações em milhares de municípios brasileiros que o PT sustenta com os ditos partidos “golpistas”.

O PT não ficou sozinho nesse discurso. A grande maioria da esquerda comprou ele. Na defesa do mandato de Dilma se somou o PSOL, que defendeu a manutenção do mandato de Dilma contra a vontade da classe trabalhadora que queria tirar ela e Temer junto.



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