Chamado à Frente de Esquerda em SC
Aos companheiros do PCB e do PSOL: por uma frente de esquerda e Socialista!
Gilmar Salgado, do PSTUNas eleições, juntemos nossas forças para criar uma alternativa de esquerda que defenda nas eleições as reivindicações das mobilizações!
Nas
eleições desse ano a esquerda terá uma oportunidade ímpar de se
apresentar de forma ampla como uma alternativa absolutamente
diferenciada dos atuais governos Dilma e Colombo. Durante quase uma
dezena de anos, os trabalhadores e a juventude do Brasil foram
levados a crer que tínhamos um governo de esquerda, que tinha
preocupações sociais e que estava ajudando os setores mais
empobrecidos da nossa população.
Através
dessa máscara e apoiados não só pela maioria da grande burguesia,
com seus poderosos meios de comunicação, mas também pela ampla
maioria das entidades dos trabalhadores, a exemplo dos sindicatos,
centrais sindicais e entidades estudantis (destaque para CUT, CTB e
UNE) o governo do PT aplicou uma implacável politica neoliberal.
Apesar
de ser uma politica econômica antipopular, o governo manteve-se
fortemente apoiado pela população, o que possibilitou que aplicasse
suas políticas compensatórias mínimas, estipuladas pelo FMI, bem
como outras, que foram anunciadas como políticas avançadas (bolsa
família, valorização relativa do salário mínimo, PROUNI, etc).
Porém, todo este apoio só foi possível – dentro dessa política
econômica – devido à situação de forte crescimento econômico a
nível internacional. A essas migalhas dadas pelas politicas de
compensação social, somava-se o grande aumento do número de
empregos gerados pelo crescimento econômico mundial. Apesar de esses
empregos serem muito precarizados, trouxeram um alivio à situação
anterior de desemprego altíssimo (era FHC), e o governo tratou de
capitalizar como sendo obra sua.
Entretanto,
a deterioração da situação econômica mundial, inevitável no
sistema capitalista, vem mudando essa situação. Mesmo que o Brasil
ainda não esteja sofrendo os efeitos mais fortes da crise, a
situação de desaceleração do crescimento já criou uma nova
percepção em amplos setores da população. A tão propalada
melhora da situação está na verdade se esvaindo em uma
desesperança e mal estar generalizado.
Ressurgem,
para espanto de muitos, com muita força, novas mobilizações que
movimentam milhões. O governo Dilma já deixou claro o caminho que
optou para enfrentar essa nova situação: mais privatizações,
ataques às conquistas dos trabalhadores (novas reformas da
previdência e trabalhista), sucateamento dos serviços públicos
para pagar juros aos banqueiros e outros agiotas e, finalmente, uma
repressão generalizada, juntamente com os governadores estaduais,
que culminou na criminalização dos movimentos sociais e populares.
Porém,
qual a direção podem tomar estas justas lutas? Não é só a
repressão burguesa que o ameaça, há também o perigo de ele se
dirigir para saídas estéreis que o levem há algum beco sem saída.
Por isso, dar uma saída positiva para essas lutas é uma tarefa
fundamental dos socialistas e a formação de uma frente de esquerda
seria um enorme passo nesse sentido. Essa frente pode canalizar as
esperanças de milhões de jovens e trabalhadores brasileiros, pois
somente aqueles que não estão comprometidos com os governos que
estão aí podem dar essa saída.
Claro
que seremos duramente atacados pelo governismo, que antes nos chamava
de sectários por não apoiá-los e que agora nos perseguem dizendo
que estamos fazendo o jogo da direita. Todavia, como bem o sabemos,
quem na verdade continua a ter o apoio da ampla maioria da direita
são os governos do PT e do PCdoB, basta ver com que vontade Colombo
quer a coligação com eles, colocando-se, inclusive, a serviço da
reeleição de Dilma, vontade, aliás, totalmente correspondida pelas
direções do PT e PCdoB.
Uma
frente de esquerda, socialista e classista tem grande potencial de
aglutinar movimentos sociais e sindicatos em torno da construção de
um programa que aponte para a ruptura com o imperialismo e o
capitalismo e defenda a necessidade da construção de uma sociedade
socialista. Esta Frente de Esquerda
deve dar corpo à insatisfação dos trabalhadores e do povo pobre
com tudo o que aí está. Deve defender um programa que aponte as
mudanças profundas que são necessárias fazer. Neste sentido,
destacamos 07 pontos programáticos fundamentais para construção da
frente:
–
Aumento
geral de salários e redução da jornada de trabalho! Rumo ao
salário mínimo do Dieese! Congelamento e redução de preços;
–
Estatização
das grandes empresas e do sistema financeiro e o não pagamento da
dívida pública para investir mais em transporte, educação e saúde
pública de qualidade. Fim dos gastos excessivos com a Copa do Mundo
e Olimpíadas e dos benefícios fiscais e financeiros às grandes
empresas. Por um plano econômico dos trabalhadores;
–
Reformas
urbana e agrária a serem realizadas de maneira ampla e sob controle
da classe trabalhadora;
–
Não
à agressão militar do governo brasileiro ao Haiti, que lidera uma
ocupação militar neste país;
–
Denunciar
as instituições desta democracia dos ricos que só serve para
propagar a corrupção e multiplicar os lucros dos grandes
empresários;
–
Contra
a repressão aos movimentos sociais e a criminalização da pobreza.
Pela desmilitarização da Polícia, o fim da PM e das Tropas de
Choque e a criação de uma nova Guarda Civil unificada, democrática
e sob controle dos trabalhadores;
–
Oposição
de esquerda aos governos e apoio a todas as greves, lutas, ocupações
e movimentos que combatem o machismo, racismo e homofobia;
–
Contra
as privatizações das Empresas e serviços públicos e pela
reestatização das empresas privadas nos Governos Collor, FHC, Lula
e Dilma.
Todavia,
a mudança não deve se pautar somente no programa da frente; deve
começar por seus princípios e por sua forma de existir: devemos
romper com os erros acumulados por anos e anos na esquerda
brasileira, que pavimentaram a ascensão do PT/PC doB até esse tipo
de governo que aí está.
Em
primeiro lugar, não podemos admitir, sob hipótese alguma,
aliança(s) com partidos da burguesia, bem como qualquer forma de
financiamento de campanhas eleitorais junto aos empresários. Devemos
nos voltar orgulhosamente à máxima da 1a Internacional, na qual “a
emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios
trabalhadores”.
Outra
questão fundamental é o respeito à pluralidade e à democracia nas
decisões. Tem que se estabelecer
um diálogo que nos leve a uma Frente de Esquerda que respeite o peso
e a representação social de cada partido na divisão das
candidaturas majoritárias e do tempo de TV. Neste sentido, queremos
fazer um debate franco com os companheiros do PSOL. Achamos que se
equivocam os companheiros em práticas como as que agora vemos a
nível nacional, onde querem impor a chapa majoritária
exclusivamente de seu partido.
Acreditamos
que os companheiros ainda podem mudar essa prática para viabilizar
uma Frente de Esquerda. Queremos, em especial, chamar os companheiros
do PCB – que no último período têm se colocado ativamente em
importantes lutas que estão ocorrendo em nossa região – que não
deixem de participar ativamente nesse debate. Temos certeza e
convicção que irão enriquecê-lo.
Para
Santa Catarina a realização dessa frente apresentaria nas eleições
desse ano a única oposição de verdade ao governo de Raimundo
Colombo, pois, como sabemos, se o PT não se coligar a este, lançará
apenas uma candidatura que na prática o ajudará a se reeleger. É a
chamada coligação branca. Fazem isso porque há muita crise em sua
base e assim trabalham para melhor enganar suas próprias bases. Nós
devemos aproveitar essa situação para solidificar uma alternativa
classista e socialista nas eleições.
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