O machismo ao redor
Gabriela Santetti, da juventude do PSTU
Muro perto da universidade levanta polêmica sobre a violência machista |
A pichação “o amor romântico mata” é uma velha conhecida de
quem frequenta a Universidade Federal de Santa Catarina. Recentemente, porém,
amanhecemos com uma resposta com tons de ameaça: “deixa eu te matar de amor"
então. Eis a manifestação de quem não compreende que uma a cada três
mulheres é assassinada em nosso país por seus companheiros; aqueles mesmos que
as prometeram "amar até que a morte os separe".
E o pior é que estes assassinatos, que nós chamamos de
feminicídios, são chamados pelo estado, pela mídia, pela justiça e, infelizmente,
por muitos de nós, como crimes passionais, crimes de ciúmes, crimes de amor. O ciúme
que leva ao assassinato é cometido pelo mocinho da novela das oito, que tem seu
crime perdoado porque foi por amor.
A lei Maria da Penha, que Dilma tanto propagandeia como a
solução para combater a violência doméstica, não só não resolveu o problema, como
nem sequer reduziu o número de agressões. Isso porque não há verba suficiente,
não há casas-abrigo e porque, muitas vezes, a própria delegacia nos incita a não
denunciar, já que foi por amor.
E para quem pensa que em nosso estado é diferente, e que aqui o
amor romântico até mata mas mata menos, é preciso saber que uma mulher apanha
de seu marido a cada 46 minutos em Santa Catarina e que, em Florianópolis, em
2012, foram 3.235 mulheres vítimas de agressão que tiveram coragem de
denunciar. Quem sabe quantas delas não passaram de volta ao morro pela frente
da praça do Pida.
O povo brasileiro se ergueu em luta contra as injustiças
sociais no país desde junho. Quem luta pela construção de um outro mundo, de
uma nova sociedade ou mesmo por mais verbas para a educação e para a saúde (e mesmo quem só sabe que há algo de errado em
nossa sociedade), precisa pensar todos os dias e a todo o momento na
consequência de suas brincadeirinhas, porque para uma nova sociedade surgir é
preciso que as mulheres se levantem e digam Não! Nenhuma mulher mais morrerá de
amor!
Bom dia.
ResponderExcluirGente, vocês não acham que esta frase é, invés de uma "ameaça", uma "crítica" a este debate? Ou seja, parece o inverso do que vocês colocam no texto.
Bjos a todos.
Pois é. Mas é uma crítica que, curiosamente, acaba reforçando a idéia da frase a qual ela se propôs a criticar: de que amor romântico mata mesmo!
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