Cresce a ocupação Amarildo de Souza


A Ocupação Amarildo de Souza, localizada no norte da Ilha, cresceu muito no último mês e se tornou destaque dentro do movimento social da cidade de Florianópolis. Iniciou na metade de dezembro do ano passado com cerca de 60 famílias em um terreno equivalente a 600 campos de futebol na beira da rodovia SC 401. Hoje, pouco mais de um mês depois, centenas de famílias ocupam o espaço organizando-se em núcleos com as moradias já bem estabelecidas.

O crescimento e a notoriedade da ocupação mostram o quanto as questões de moradia, terra e trabalho digno são importantes na nossa cidade. Em Florianópolis, segundo dados da própria prefeitura, o déficit habitacional é de 7.842 moradias. São quase 8 mil famílias que não têm onde morar, ou moram muito precariamente, em casas de materiais reaproveitados, sem alvenaria, em áreas de risco, etc.

Quem visitou a ocupação sabe, seus moradores são trabalhadores. Apesar de todo o discurso da imprensa de que são vagabundos, delinquentes, etc, os dados estatísticos e a observação da realidade mostram o contrário: na ocupação Amarildo de Souza a grande maioria dos moradores é trabalhador.  São setores de trabalhadores que ganham muito pouco e por isso não conseguem pagar aluguel, sem contar os gastos com o transporte, pois em Florianópolis a tarifa é muito alta.

Campo de golfe ou casa para quem trabalha?

Antes da ocupação a área do terreno estava abandonada, sem nenhuma preocupação ou uso social. Parte da área ocupada pertence à empresa Florianópolis Golf Club e ao ex-deputado estadual Artêmio Paludo, porém a maior parte do terreno não tem escritura pública, pertence à união. Na área da empresa, já vemos pelo nome, está cogitada a construção de um campo de golfe.

Campo de golfe? Tudo que Florianópolis menos precisa é de mais um campo de golfe. Já faz anos que os partidos que governam a cidade vem investindo e gerando todas as condições para que grandes empresários construam empreendimentos que depois poderão ser acessados por pouquíssimas pessoas. São campos de golf, resorts, hotéis, condomínios privados no lugar onde deveriam ser construídos parques, praças, casas e condomínios  populares e áreas de preservação. Está na hora desse quadro ser revertido! Queremos moradias populares e áreas de lazer para todos, assim se faz uma cidade para aqueles que moram e trabalham nela.

O projeto da Ocupação é a reforma agraria popular, lutam por terra, trabalho e teto. A ocupação tem como objetivo não se tornar uma favela, como dizem os meios de comunicação, mas uma vila sustentável, agroecológica. Um laboratório de agronomia da UFSC está providenciando sementes e um estudo do solo para iniciarem a agricultura.

A imprensa e o prefeito

Desde o início da ocupação a imprensa vem criticando ferozmente o movimento, fazendo exigências para que a Justiça desocupe a área com a polícia, clamando pela sua lei preferida, a propriedade privada. Ora, nos questionamos: porque essa lei tem mais valor que as outras da constituição? A garantia da propriedade deve estar acima da garantia dos direitos básicos de cada ser humano (também garantidos por lei)? Isso sem contar que não sabemos como de fato foi adquirida a terra, se existe ao menos legalidade na obtenção da escritura.

A imprensa, na verdade, representa como sempre o interesse de seus donos, os empresários e políticos da cidade. Por isso é tão necessário que criminalizem a ocupação e não apresentem nenhuma proposta decente para resolver o problema do déficit de moradia na cidade.

Na semana passada o prefeito César Souza Jr. deu sua primeira declaração pública. Na entrega de 4 (!) casas modulares no Morro do 25 (http://wp.clicrbs.com.br/visor/2014/01/28/em-video-prefeito-cesar-souza-fala-sobre-a-ocupacao-da-sc-401-pela-primeira-vez/?topo=67,2,18,,,67) falou aos moradores repreendendo a ocupação e dizendo que não poderiam “furar a fila” da moradia, além de usar argumentos xenofóbicos, criticando os moradores da ocupação por serem “de fora”.

Ora, o prefeito pede para as pessoas respeitarem a fila, mas faz isso num evento de entrega de 4 casas (quatro!) depois de algumas terem aguardado por quase 30 anos. Chega a ser irônico. Isso sem contar que essa fila descomunal é responsabilidade da prefeitura que nunca priorizou os investimentos em habitação popular.A reforma urbana e a construção de casas populares não pode mais aguardar. É totalmente justo que um terreno que não tem nenhum uso social seja destinado a famílias de trabalhadores que não tem onde morar. 

Com essa declaração o prefeito só mostra mais uma vez que está disposto a despejar trabalhadores para garantir que um empresário faça crescer ainda mais seu patrimônio. Aliás, a esses o prefeito não tem nenhum preconceito que tenham vindo de fora de nossa cidade, o preconceito só serve para os trabalhadores.  É uma prefeitura que sem dúvida governa para os empresários e para a burguesia.

Ilha da magia, ela é do povo, não é da burguesia.

Na dita "ilha da magia" também falta emprego com renda e condições dignas, faltam serviços públicos de qualidade, a terra é instrumento de especulação imobiliária, falta mobilidade urbana. Devido a essas questões que a luta na ocupação não se encerra na questão da moradia. A luta é por terra, trabalho e teto!

No dia 07 de fevereiro haverá uma audiência pública com o juiz federal agrário responsável pelo caso para conciliação entre as partes. Nesse dia, os moradores estão organizando um ato junto com outros movimentos e entidades, sindicatos, partidos e todos que apoiam a Ocupação Amarildo.


O PSTU convida a todos para participarem do ato em defesa da Ocupação:
Dia 07 de fevereiro
Concentração em Frente ao Koxixos - 9:00 horas


Acesso a água, energia e construção de moradias populares Já! Emprego, saúde e educação para as famílias!

Comentários

  1. Cambada de parasitas, movidos por interesses de lixos de partidos políticos. Se ganharem direito de posse sobre essas terras invadidas, podem ter certeza q será a maior favela de SC. Terá pessoas do Brasil inteiro vindo viver aqui de graça, com sol, praias, terreno de graça. bolsa família, santa renda, vao exigir creche para 6 filhos, vão querer talvez gasolina gratis para os carros q a maioria tem... Poderiam ofercer a eles um terreno em Antonio Carlos por exemplo , para poderem plantar a vontade, já que se dizem agricultores, mas lá eles não querem claro, melhor morar onde seguindo em linha reta cai dentro da praia de Canasvieiras. Enquanto isso pagamos nossos impostos, iptu, ipva, aluguel... A única coisa q vamos ganhar é o aumento da violencia, assim como foi a favela do Siri dos Ingleses, onde são todas pessoas "de bem".

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